A Associação Brasileira de Assistência ao Deficiente Visual ? Laramara está realizando mobilizações para viabilizar a fabricação de uma máquina de escrever em braille 100% nacional. Um dos eventos foi a Noite Braille Brasil, realizada no Hotel Unique, em São Paulo, com a participação de 450 convidados e apoio de empresas como Petrobras, Vivo, Tam, Fiat e Veuve Clicquot, entre outras, além dos hotéis Unique e Unique Garden.A renda arrecadada será destinada à distribuição das primeiras 300 máquinas aos municípios paulistas com mais de cem mil habitantes, através de seus centros de apoio aos portadores de deficiência visual. Em um segundo momento, quando a capacidade de produção aumentar, também serão atendidos os municípios menores e outras cidades do Brasil.A máquina de escrever em braille é fundamental para a inclusão social de 1,5 milhão de deficientes visuais brasileiros, uma vez que possibilita sua alfabetização, educação e preparação para o mercado de trabalho. Até pouco tempo produzida apenas nos Estados Unidos, ela custava US$ 660 e era vendida no Brasil por cerca de R$ 3.500, o que inviabilizava seu acesso ao deficiente de baixa renda. Com a máquina nacional, o equipamento passará a custar aproximadamente R$ 2 mil.A fábrica, primeira da América Latina, foi montada pela própria Laramara em suas dependências, no bairro de Campos Elíseos, centro de São Paulo, ocupando 500 metros quadrados. A Associação também firmou parceria com o sistema Federação das Indústrias do Estado de São Paulo e Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Fiesp-Senai) para nacionalizar a produção. Quem quiser adquirir uma máquina pode entrar em contato com a Laramara pelo telefone (11) 3660-6400 ou e-mail laramara@laramara.org.br. Mais informações no site www.laramara.org.br. A LaramaraA Laramara foi fundada em 1991 por Victor e Mara Siaulys. O casal se uniu a um grupo de profissionais da área para partilhar com outras famílias as experiências vividas na educação de sua filha, Lara, cega desde o nascimento. Seu trabalho se baseava em oferecer educação com métodos adequados a crianças portadoras dessa deficiência.Atualmente, a Laramara é uma referência no Brasil, auxiliando pessoas com baixa visão e apoiando a educação e inclusão de crianças com deficiência visual e múltiplas deficiências. É também um centro de propagação de conhecimentos e experiências inovadoras, produtor de materiais pedagógicos, gerador de recursos e tecnologias que objetivam a melhoria da qualidade de vida e a inclusão social do deficiente visual. Com uma equipe de mais de 200 funcionários (sendo 25 cegos) e 150 voluntários, a associação ocupa uma área superior a oito mil metros quadrados no centro de São Paulo. Desde sua inauguração já recebeu inúmeros prêmios, entre eles o Top Social em 2004, em parceria com a Petrobras, pela distribuição de máquinas braille em todo o país, o Prêmio Comunidade Solidária do Governo Federal em 1996, 1997 e 1998 pelo trabalho realizado na preparação de jovens para a vida profissional, e o Prêmio Criança da Fundação Abrinq de 1995. A instituição recebe auditoria voluntária da empresa de consultoria Ernest Young. A Laramara também foi pioneira na fabricação de bengalas infantis dobráveis no Brasil e já vendeu, a um preço 50% inferior ao modelo importado, mais de duas mil, além de doar cerca de 830 unidades.Além da contribuição de empresas e voluntários, a Laramara conta com o apoio de unidades de negócios como gráfica, agência de publicidade, estúdio de som, auditório e restaurante. Cada unidade é independente e tem todo o lucro revertido para o trabalho da Instituição.Conceito de deficiência visual
O termo deficiência visual refere-se à cegueira total e à baixa visão. “A baixa visão, diferentemente da cegueira, não define um quadro único. Temos a baixa visão moderada, grave e profunda”, esclarece Mara Siaulys. Para diagnosticar, intervir e orientar adequadamente, a Associação conta com um sistema organizado de avaliação social e oftalmológica e do desenvolvimento integral da criança. “Com essa sistemática, podemos conhecer a família, analisar e identificar o ambiente familiar e a comunidade onde ela vive”, explica ela. Após esse procedimento, a família recebe orientação específica para o atendimento das necessidades específicas da criança.