O livro ?Produção de alimentos tradicionais: extensão rural? mostracomo transformar a reputação de produtos tradicionais, como vinhos da Serra Gaúcha, compotas do sul de Minas Gerais, cachaças de Parati e queijo da Serra da Canastra em lucro para o pequeno produtor rural. Escrita pelo zootecnista e professor do Departamento de Administração da Pontifícia Universidade Católica (Puc) de Campinas, Luís Fernando Soares Zuin, e pela pedagoga e pesquisadora do Departamento de Educação da Universidade Estadual Paulista (Unesp) em Rio Claro (SP), Poliana Bruno Zuin, a obra resulta da união de conhecimentos dos autores.
?O livro tem abordagem inédita ao unir essas áreas do conhecimento. O objetivo é oferecer aos extensionistas rurais [técnicos que atuam ao lado do produtor] um instrumento pedagógico que os auxilie a capacitar o produtor rural para gerenciar seu negócio, certificar seus produtos e agregar valor a ele?, disse Luís Fernando. Para ele, o livro procura definir o conceito de alimentos tradicionais, descreve modalidades existentes de certificação com foco especial na que é voltada para indicação de procedência e orienta a produção rural e o processo de comercialização do produto. ?O livro tem um capítulo dedicado aos tipos de selos e certificações que o produtor pode conseguir, porque muitas vezes nem o extensionista sabe muita coisa sobre esse mercado de certificação que tanto agrega valor aos produtos?, explicou.
A publicação, de acordo com o zootecnista, propõe aos extensionistas de órgãos públicos e de empresas um método de capacitação de agricultores baseado no referencial teórico do pedagogo Paulo Freire, que é a especialidade de Poliana e que, segundo Fernando, incentiva a permanência do produtor rural no campo. ?Percebemos que o produtor é extremamente capaz de desenvolver seu produto do ponto de vista técnico, mas não sabe quais são as atividades-necessárias para colocar esses alimentos no mercado. Nosso objetivo é aumentar sua renda, valorizando a sua commodity?, destacou Fernando. ?Procuramos incentivar o extensionista a mergulhar no universo do produtor rural. Se as orientações forem impostas de cima para baixo, o produto tradicional pode ser descaracterizado?, completou.
Segundo Fernando, embora produtos tradicionais sejam consumidos e valorizados há tempos, a popularização levou à generalização da percepção de qualidade desses produtos. ?Além de consolidar essa percepção diante do público, a valorização da cultura tradicional e regional aumenta a renda e a auto-estima do proprietário rural?, afirmou.
O livro, que teve origem a partir de estudos de caso realizados na Estrada do Sabor, no Rio Grande do Sul, não é voltado apenas a extensionistas rurais. Fernando diz que pesquisadores e profissionais que trabalham com ciências agrárias podem utilizar a obra. ?O texto pode ser utilizado em cursos de administração rural, como agronegócio, engenharia de alimentos e turismo rural, além de em extensão rural, como veterinária e zootecnia?, finaliza.