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Médico de família muda realidade da população de baixa renda


13 de outubro de 2010

A população de baixa renda convive com diversos problemas sociais: condições precárias de higiene e moradia, violência, tóxicos etc. Quando se fala em saúde, muitos nem sabem por onde começar. O médico da equipe de Saúde da Família em População em Situação de Rua de Belo Horizonte, Claudio Candiani, ressalta que, além da falta de agilidade no atendimento, muitos sofrem com o preconceito. “Pelo nosso programa, o paciente não precisa ter documentação, é registrado em um banco de dados da região em que está localizado, é assistido por um agente social, além de ser atendido por profissionais que se preocupam com a pessoa como um todo e não apenas com alguém que tem determinada doença”.



Segundo Candiani, Belo Horizonte tem uma equipe piloto em atendimento para população de rua. “Atendemos a cerca de 3.500 moradores. Cadastramos essas pessoas que estão localizadas no raio de 6 a 7km da nossa base, verificamos a real condição delas, iniciamos o atendimento e se por algum motivo não aparecem mais nas consultas, um agente comunitário vai atrás. Tem sido um sucesso, tanto que nossa maior dificuldade é o desvinculamento, pois muitos quase prefeririam não receber alta”.



O especialista de Médico de Família e Comunidade (MFC) não visa somente a cuidar de doenças. “Somos responsáveis também por ajudar a orientar e influenciar nos valores das pessoas. Em minha experiência no Morro do Alemão (RJ), verifiquei que somos referência, as pessoas sabem que vai ter acompanhamento do caso, então preferem mudar a postura. Em quatro anos de trabalho enfocamos também outras atividades como grupos de caminhada, planejamento familiar”, afirma o primeiro secretário da Sociedade Brasileira de Médico de Família e Comunidade (SBMFC), Oscarino Barreto Júnior.



Outro ponto que Candiani destaca é a importância do controle da saúde na hora de procurar emprego. “Nesta população se concentram patologias como diabete, hipertensão, HIV, tuberculose, entre outras. Um indivíduo de 40 anos vive como um idoso. Além de não conseguir emprego devido ao estado físico, muitos também se acomodam devido ao excesso de caridade: ‘pra que vou trabalhar se ganho mais recebendo esmolas?'”.



Os MFC´s atendem nas Unidades de Saúde da Família, planos de saúde e consultórios de forma integral. As competências terapêuticas e preventivas são componentes destacados da especialidade não apenas no Brasil, mas em países como Portugal, Canadá, Inglaterra, Cuba e Holanda, onde o contato com o médico de família virou prioridade.



A coordenadora da Estratégia Saúde da Família no Hospital Santa Marcelina, Monique Bourget, se formou em medicina da família no Canadá e afirma que lá 95% da população são atendidos por este sistema. “Cerca de 50% dos médicos se formam com esse foco. Vim para o Brasil em 1994 para ingressar na Congregação Santa Marcelina que, coincidentemente, estava iniciando o seu programa. Acredito que o Brasil está caminhando, as faculdades já estão incentivando. É um processo de mudança cultural que está acontecendo cada vez mais rápido”, finaliza a coordenadora.



Muito se discute sobre a forma mais eficaz e segura de tratamento e, para isso, os governos criam programas de saúde em todas as esferas públicas. Os médicos se especializam em problemas do coração, do sangue, psiquiátricos, mas há um grupo que além de conhecedores gerais do corpo humano, se preocupam com a pessoa e não apenas com a doença.



Especializados na MFC, o atendimento desses médicos não fica restrito ao gênero, órgãos ou idade: são especializados no tratamento do paciente como um todo, e não restrito a uma parte, apenas. Segundo o presidente da SBMFC, Gustavo Gusso, “o médico de família e comunidade não quer saber apenas que doença a pessoa tem, mas quem é a pessoa que tem determinada doença”.



Esses profissionais, durante sua formação, aprendem que há diferentes formas de uma mesma doença afetar pessoas que vivem, por exemplo, em ambientes sociais distintos. Lembrados por muitos como os “médicos de cabeceira”, criam vínculo com cada paciente e se tornam referência quando o assunto é a escolha do melhor tratamento.



Apesar de existir no país desde 1976, ter sido uma das primeiras especialidades oficializadas pela Comissão Nacional de Residência Médica e fazer parte da Organização Mundial dos Médicos de Família, a especialidade ainda não é tão conhecida no Brasil, onde a cultura das especialidades focais está muito enraizada.

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