O ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, defendeu a participação da sociedade para definição de políticas para o meio ambiente, durante a abertura do seminário Mudanças Climáticas: desafios atuais da Agenda 21, que ocorreu no dia 29 de janeiro, no Fórum Social Mundial, em Belém (Pará). Minc citou como exemplo a construção do Plano Nacional sobre Mudança do Clima, que, depois de dois meses em consulta pública pela internet, incorporou metas para redução de desmatamento, o que mudou a postura do governo. “Foi a força da sociedade que fez com que o governo mudasse de posição”, ressaltou Minc.
Minc também anunciou que energias alternativas como a eólica, solar e usinas de baixo impacto ambiental terão prioridade nos leilões de energia. A idéia é impedir que a matriz energética brasileira fique “suja”. O ministro disse que o Ministério do Meio Ambiente fará parceria com o Ministério da Fazenda para reduzir os impostos para equipamentos de energia eólica e solar.
Outra ação do Ministério destacada pelo ministro foi o Manejo Florestal Familiar, que permite às famílias que vivem nas florestas a exploração da floresta de maneira sustentável (2.5% da área ao ano), podendo se sustentar com produtos florestais sem acabar com a cobertura florestal. A Finlândia é um exemplo. Um dos maiores exportadores de móveis do mundo, aquele país, segundo Minc, tem a mesma cobertura florestal de 100 anos atrás devido sua política de manejo florestal sustentável.
O Presidente do Fórum Nacional de Mudança Climática, Luiz Pinguelli, lembrou que meio ambiente não se limita a floresta. Cidades grandes têm vários problemas ambientais também, como o saneamento básico.
Dificuldades
Para o escritor e professor da Universidade de Nova Delhi, Vinod Raina, a maior dificuldade de se fazer políticas para meio ambiente no mundo é a diversidade social e cultural.
Os países membros do Protocolo de Kyoto foram criticados pelo jornalista André Trigueiro. “Nem sequer a tímida meta do Protocolo de Kyoto está sendo cumprida”, analisou. Ele acredita que o Reino Unido talvez seja a única nação que trabalha para assumir a meta de reduzir em 5,2% o nível de emissão de CO2, tendo como base o ano 1990. Ele lembrou que a iniciativa brasileira de incluir metas de redução do desmatamento foram elogiadas pelo Secretário Geral da ONU, Ban Ki-Moon, e pelo ex-vice-presidente dos EUA, Al Gore, na conferência do clima no ano passado, na Polônia.
André Trigueiro também chamou atenção para o fato de que o Ministério do Meio Ambiente sozinho não conseguirá mudar o quadro ambiental do país. Para isso, é necessário o envolvimento de outras pastas para avançar nas políticas ambientais.