Mobilidade urbana é o tema de novo Fórum online que a Rede Mobilizadores promove de 28 de janeiro a 1° de fevereiro. A ideia é discutir como a falta de mobilidade nas grandes e médias cidades brasileiras está afetando a vida das pessoas e que tipo de iniciativas podem melhorar esta situação. Para fomentar o debate, será publicada entrevista com a arquiteta, urbanista, professora de Projeto e Planejamento Urbano, da Universidade Bandeirantes, e integrante do Instituto Polis, Margareth Uemura, e outros materiais relacionados ao tema, como cartilhas, vídeos e textos.
Os problemas relacionados à mobilidade das pessoas e das mercadorias nos grandes centros urbanos afetam diretamente a qualidade de vida da população e o excesso de veículos nas ruas gera transtornos diários, como o longo tempo de deslocamentos de casa para o trabalho, a poluição ambiental e sonora, acidentes, estresse, e agravam ainda mais as desigualdades sociais.
Para Margareth, uma eficiente política de mobilidade deve ser integrada à de planejamento urbano, adequando espaços públicos e infraestrutura disponível, proporcionando assim uma cidade organizada, equilibrada e com mais qualidade de vida para seus habitantes.
De acordo com o Instituto de Pesquisa Econômica e Aplicada (Ipea), a grande transformação na mobilidade das pessoas nas cidades brasileiras começou a ocorrer na década de 1950, quando o processo intenso de urbanização se associou ao aumento do uso de veículos motorizados, tanto os automóveis quanto os ônibus, resultado de uma política de Estado que priorizou os investimentos na indústria automobilística.
Desde então, o sistema de mobilidade dos grandes centros urbanos brasileiros se caracteriza pelo intenso uso do transporte individual motorizado com todos os efeitos que isso representa na vida da população.
Clique aquipara participar do Fórum!
Para sabermais sobre o tema:
Cartilhas
Mobilidade urbana é desenvolvimento urbano, do Instituto Polis
Instituto de Pesquisa econômica Aplicada
Textos
Mobilidade e Acessibilidade Urbanas
O congestionamento nas cidades e estradas brasileiras constitui-se uma crise anunciada desde a criação da indústria automobilística, na década de 1950, quando praticamente se abandonou o transporte ferroviário e se deu prioridade ao rodoviário, sem considerar o transporte aquaviário de longa distância, na contramão do que fizeram outros países, especalmente na Europa e na Ásia. Atendo-nos aqui à mobilidade urbana nas grandes cidades, onde o problema é mais crítico, acreditamos que só o sistema conhecido em muitos lugares como metrô pode oferecer uma alternativa capaz de atrair uma grande parcela dos atuais usuários de automóveis, que encontram dificuldades cada vez maiores de circular, e ainda provocam uma ineficiência crescente nos sistemas superficiais de transportes coletivos (ônibus convencionais e assemelhados) e públicos (táxis), tendendo para o “caos motorizado”. Como a construção de redes de metrô é cara e demorada, é mister a adoção de medidas mitigadoras como a implantação de a) sistemas de ônibus em sítio próprio (onde possível, adotando-se o modelo de Curitiba e Bogotá); b) sistemas cicloviários (espelhando-se em cidades como Amsterdam, Copenhagen, Paris e Rio de Janeiro, com ciclovias sinalizadas e bicicletas públicas para aluguel). Medidas de caráter operacional devem ser adotadas, algumas de imediato e outras à medida que aquelas de cunho estrutural forem sendo implementadas. Por exemplo: estímulo ao uso do transporte solidário associado ao pedágio urbano para veículos de passeio; melhoria dos transportes coletivos em termos de qualidade (redução da idade e aumento do conforto da frota) e eficiência (integração física e temporal), com paradas abrigadas e dotadas de equipamentos de informação sobre trajetos, transbordos e tempo de chegada dos próximos veículos. Finalmente, mas sem esgotar o elenco de medidas para humanizar a circulação, propõe-se a adoção de intervenções conhecidas como “moderação de tráfego” (adotando como exemplo o que se faz em cidades inglesas), para recuperar a habitabilidade de determinadas áreas urbanas, consistindo na redução da velocidade dos automóveis, decorrente da quebra de continuidade e estreitamento de vias, com alargamento de calçadas, arborização, mobiliário urbano e sinalização e comunicação específicas. A eficiência e eficácia de todas essas medidas dependem de um efetivo processo de planejamento urbano e de transportes (caracterizado pelos atributos de coordenação, integração, participação e controle), liderado e animado pelas administrações públicas nos três níveis de governo