O cooperativismo brasileiro fechou 2009 mantendo seu processo de amadurecimento, em curso há alguns anos. Comprova este comportamento o aumento de associados (4,62%) e de empregos gerados (7,71%). No mesmo período, houve redução no número de cooperativas (-5,48%). ?Os indicadores mostram a dinâmica do cooperativismo e sua visão em buscar alternativas e oportunidades num período pós-crise. Para mitigar as dificuldades e se fortalecerem, ganhando mercado e escala, cooperativas optaram pelo processo de aglutinação, o que é uma tendência do profissionalismo da gestão. A redução no número de cooperativas reflete esse processo, mas, ao mesmo tempo, como observado em outros setores, indica também as consequências geradas pela crise financeira internacional.?, analisa o presidente da Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB), Márcio Lopes de Freitas. Para Lopes de Freitas, a aglutinação demonstra que a diversidade pode alavancar negócios comuns e que é adaptável a cada segmento. Essa capacidade de se adequar aos diversos modelos está expressa na variedade de ramos que reduziram em número de cooperativas em 2009 comparado a 2008: Habitacional (- 25,59%), Trabalho (- 19,36%) e Consumo (- 7,25%). Quanto ao crescimento do número de associados, vale ressaltar a participação do Ramo Crédito, com o aumento de 8,76%, o que representa um total de praticamente 282 mil novos cooperados. Para o contingente de empregados, registraram maiores percentuais de aumento os ramos Educacional (24,7%), de Produção (20,23%), e de Saúde (18,20%).Na curva de queda no número de cooperativas, o Ramo Trabalho foi um dos principais responsáveis. Neste caso, a situação era prevista pela OCB que observou durante o período mais rigor do Ministério Público do Trabalho em relação a este setor cooperativo.Cooperativas mantém movimentação financeiraEm 2009, a movimentação econômico financeira das cooperativas brasileiras chegou ao valor bruto de R$ 88,5 bilhões frente aos R$ 88,73 bilhões de 2008, com uma pequena redução de 0,26%, após três anos consecutivos de alta, reflexo da crise financeira mundial. ?O cooperativismo conseguiu contornar esse período mantendo praticamente a mesma movimentação financeira do ano anterior, mas também deixou de faturar, já que era previsto um crescimento de 10% para 2009?, diz Lopes de Freitas.Praticamente todos os ramos econômicos tiveram crescimento em relação a 2008, apenas o Agropecuário – que representa em torno de 80% do valor global das cooperativas ? experimentou uma tímida retração como conseqüência da crise. Chegou ao final do ano com uma redução nos valores exportados de 9,5%, em função do valor das commodities. Mesmo assim, comparado com a evolução do mercado brasileiro, conseguiu um desempenho melhor já que o País retraiu 22,71%.Comércio intercontinental movimenta exportaçõesEm 2009, segundo estudo elaborado pela Gerência de Mercados da OCB, com base em dados da Secretaria de Comércio Exterior do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MIDC), as cooperativas brasileiras exportaram um total de 3,63 bilhões em valores, frente a US$ 4,01 bilhões em 2008, com uma redução de 9,5%. No mesmo período, o Brasil registrou queda de 22,71%. Sobre as quantidades, foi registrado um pequeno aumento de 0,2%, com um total de 7,09 milhões de toneladas no ano passado e 7,07 milhões em 2008. No ano passado, os principais mercados de destino dos produtos de cooperativas brasileiras foram, em primeiro lugar, a Alemanha, respondendo por 10,13% das exportações em um total de US$ 367,33 milhões. Em seguida, a China responsável por 9,73% das exportações ou US$ 352,89 milhões. Logo atrás, compraram mais os Países Baixos com 7,86% do montante exportado e US$ 285,17 milhões, os Emirados Árabes Unidos que importaram 7% do total, o que representou US$ 253,97 milhões, a Índia com 5,88% das exportações e a França respondendo por 4,78%.OCB prevê boas perspectivas para 2010?Embora a balança comercial do cooperativismo tenha retraído 4,03% em relação ao ano anterior, a tendência é que ela volte a crescer em 2010 em função da estabilização da economia mundial, e conseqüente retomada da demanda por energia e crescente necessidade por alimentos?, aposta Lopes de Freitas.Segundo projeção da Gerência de Mercados da OCB, o ritmo de incremento na demanda por alimentos do mundo, com destaque para as carnes, promoverá oportunidades para o Brasil, com ênfase ao Sistema Cooperativista Brasileiro. Para ampliar a participação das cooperativas brasileiras no mercado internacional serão necessários mais esforços do governo, o que inclui o apoio aos produtores rurais e cooperativas, investimentos em infraestrutura (modais de transporte, portos e sistemas de armazenamento), redução da carga tributária e melhorias do sistema de seguro nas modalidades rural e renda.Além desses fatores, o Brasil deve priorizar os acordos comerciais, buscando pela queda de barreiras comerciais, de modo a ampliar mercados para uma parcela considerável dos países emergentes. Outra ação necessária, em âmbito governamental, é a mitigação de riscos na agropecuária, com destaque para o seguro rural, fundo de catástrofe e para a garantia de preços de venda acima dos atuais custos de produção.Veja os indicadores do cooperativismo em 2009Números 7.261 cooperativas274.190 empregos diretos8.252.410 de associados5,39 % do PIB nacionalR$ 88,5 bilhões de recursosUS$ 3.63 bilhões em exportações7.09 milhões de toneladas exportadas