Veja as dicas do coordenador do Núcleo de Economia Solidária (Nesol) da Universidade de São Paulo (USP), Diogo Tsukumo, para a criação de uma moeda social ? instrumento de desenvolvimento local, destinado a beneficiar o mercado de trabalho dos grupos que participam da economia da localidade ?, e um banco comunitário, outro instrumento de desenvolvimento local. Atualmente, existem 51 bancos comunitários no país, em nove estados, formando a Rede Brasileira de Bancos Comunitários.
Diogo divide a metodologia em 4 fases:
1. Identificação
Nessa fase são realizados estudos, diagnósticos e visitas aos municípios ou comunidades para certificar que o local reúne as condições necessárias para organização de um banco comunitário.
Dentre outros, são observados os seguintes aspectos:
a) presença de uma organização local/comunitária, interessada em desenvolver e gerir as ações de um banco comunitário;
b) compromisso do poder público local, universidade e iniciativa privada, em apoiar a implantação do banco;
c) existência de grupos produtivos locais e de empreendimentos econômicos solidários; e
d) existência de rede telefônica instalada no município/bairro (serviço necessário para o funcionamento de caixa eletrônico).
2. Preparação
Consiste no processo de sensibilização dos moradores, produtores e comerciantes do município/comunidade, bem como na capacitação dos agentes e gerentes de crédito. Considerar nessa etapa eventos de capacitação (oficinas, cursos e treinamentos), distribuídas ao longo do período desta fase. Apresenta as seguintes fases:
a) reuniões com a comunidade, o governo local, e outros parceiros locais objetivando ouvir suas expectativas, negociação de apoio e definição da contribuição de cada um para a constituição de banco comunitário;
b) oficina de sensibilização com técnicos da entidade que apoiará o banco comunitário e comunidade, momento em que serão abordadas noções de desenvolvimento local e Economia Solidária;
c) oficina das experiências de outros bancos, apresentando o estágio de desenvolvimento alcançado pela comunidade;
d) oficina sobre economia solidária para oferecer aos moradores noções sobre como organizar coletivamente redes de produtores e consumidores locais, remontando cadeias produtivas e criando instrumentos de Economia Solidária.
e) oficinas práticas sobre o mapeamento da produção e do consumo local; e
f) curso de agente e gerente de crédito, quando serão treinadas pessoas da comunidade para atuarem como agente e gerente de crédito.
3. Implantação
Após o processo de sensibilização e capacitação, iniciam-se os preparativos práticos para o funcionamento do banco, destacando-se;
a) oficina de planejamento do banco comunitário para determinar o funcionamento do banco, nome, produtos, gestão, parcerias e outros;
b) oficina de treinamento da equipe do banco comunitário e criação dos instrumentos de gestão (formulários, fichas de cadastro, definição de política de juros, sistema de aval, analise do crédito e outros);
e) preparação e edição do material gráfico sobre o banco comunitário e a moeda social local;
f) cartaz, folder, convite, impressão das moedas sociais e outros; eg) lançamento do banco e assessoria à equipe de gestão por três meses.
4. Consolidação
Nessa fase os bancos comunitários precisam consolidar suas atividades e superar dificuldades apresentadas ao longo do processo inicial. São realizadas ações de:
a) consultorias especializadas e focadas;
b) reuniões com o poder público local;
c) articulação com novos parceiros;
d) cursos de aperfeiçoamento para os agentes e gerentes de crédito, produtores locais e consumidores;
e) aperfeiçoamento nos conhecimentos e nas práticas desenvolvidas no banco; e
f) campanhas para divulgar as ações do banco e seu impacto na comunidade.
Com informações Instituto Akatu (www.akatu.org.br) /Naná Prado.