Mulheres revelam suas preocupações em relação ao mundo em que seus filhos vão crescer. Violência, individualismo e consumismo estão entre os problemas mais citados por elas.
A bibliotecária Thalita Rodrigues Bento é solteira, tem 28 anos e planeja encontrar alguém para finalmente construir uma família. Antes mesmo antes de encontrar o parceiro, algumas preocupações já se anteciparam e batem à porta da família que está sendo planejada. ?Muitas vezes me pego pensando se é neste mundo onde reina a competição, o individualismo e a intolerância que meus filhos vão crescer?.
Aquilo que é apenas uma preocupação para Thalita, já é uma realidade concreta para Paula Nahas, 35 anos, casada, mãe do pequeno Gustavo e empresária estabelecida. ?É muita violência, muita corrupção, faltam oportunidades iguais para as pessoas. Tudo isso porque as pessoas querem ter sempre mais e deixam de se importar com aquilo que realmente deve ser feito para melhorar as coisas. Essa realidade me faz pensar todos os dias no cidadão que meu filho vai ser?, desabafa.
Thalita e Paula não se conhecem, mas ambas acreditam que o consumo excessivo está na base de muitos dos problemas que mencionaram, pois, ?as pessoas querem ter sempre mais, todos se ocupam com isso o tempo todo?, declara Paula. Thalita reforça e diz que ?isso acontece porque há uma valorização maior daqueles que têm mais.?
Para Paula, ?há uma condição genética e hormonal própria das mulheres, nós nos preocupamos mais em saber como vai ser o mundo, onde e como vão viver as nossas crianças. A sensibilidade dos homens não alcança isso, esses valores são mais femininos?, filosofa.
Mas será que os homens, os pais de família não têm as mesmas preocupações? Essas dúvidas e inseguranças são exclusivas das mulheres, das mães? Para a psicóloga e gestalt-terapeuta, Ana Paula Lima, valores tidos como femininos não são exclusivos das mulheres, pois, homens e mulheres têm características tanto masculinas como femininas, e a abordagem dos problemas sociais pelo feminino e pelo masculino são distintas. ?O feminino remete è escuta, à sensibilidade, à subjetividade, à conexão com os outros e com o mundo. Remete à tolerância, à compreensão, ao sentir, à intuição, ao pensamento circular e à apreensão do todo, ao deixar fluir?, pondera.
Entretanto, uma coisa é clara. A realidade conflituosa e insustentável de hoje não é desejada. Homens e mulheres sonham e trabalham para (re)construir um mundo melhor. ?É claro que ainda precisaremos da força, da ação, e outros aspectos que são mais associados ao masculino. Mas, hoje, desejamos nos respeitar mais, desejamos ser capazes de resolver nossas diferenças não pela força, mas pelo diálogo, pela negociação, o que demanda sensibilidade, empatia, tolerância ? ou seja, o feminino. O que precisamos é de um equilíbrio entre as duas polaridades, entre o masculino e o feminino?, diz Ana Paula.
Heloisa Mello, gerente de operações do Instituto Akatu reforça a opinião defendida pela psicóloga. Segundo ela, o próprio Akatu se pauta pelo Yandê, palavra tupi que significa grande nós feminino. ?Nosso propósito é acolher e cuidar dos valores femininos que existem em todos nós. Eles precisam ser devidamente apropriados pela comunidade humana mundial no sentido de cuidar da natureza e, desta forma, levar a sustentabilidade a todas as formas de vida?, explica. ?Não por acaso, o Akatu é representado por uma mulher grávida que olha para sua própria barriga. É uma mulher que vai dar a luz, a luz da mudança?, conclui.
Com informações Envolverde (www.envolverde.com.br) /Instituto Akatu/ Rogério Ferro