O governo brasileiro considera fraco o atual texto negociado entre os países na Conferência do Clima das Nações Unidas, a COP 20, para a obtenção de um novo acordo mundial contra as mudanças climáticas. As discussões devem entrar a madrugada de sábado (13). O horário previsto para o encerramento era 18h, 21h no horário de Brasília, desta sexta (12).
Segundo o embaixador José Antonio Marcondes, que lidera a equipe de diplomatas do Itamaraty em Lima, no Peru, o documento atual “tem debilidades que precisam ser resolvidas”. Caso contrário, na opinião dele, o resultado que sairá da COP peruana colocará em xeque a criação de um novo tratado global para o clima.
O futuro “protocolo, instrumento legal ou resultado acordado com força legal” quer obrigar todos os países a realizarem ações contra o aumento da temperatura no planeta. Ele terá que ser assinado em 2015 para entrar em vigor a partir de 2020.
De acordo com Marcondes, o que se conseguiu até agora é fraco, sem ambição e não diferencia de forma correta a responsabilidade dos países para cortar as emissões de gases-estufa — que em grande quantidade aquecem mais que o normal o planeta e podem provocar desastres naturais como enchentes, secas e degelo das calotas.
O embaixador brasileiro, José Antonio Marcondes, chefe da delegação do país na COP 20 (Foto: Eduardo Carvalho/G1)O embaixador brasileiro, José Antonio Marcondes, chefe da delegação do país na COP 20
(Foto: Eduardo Carvalho/G1)
Cinco gargalos
– Ele dividiu os problemas em cinco pontos. O primeiro é que falta ambição ao texto sobre como o aumento da temperatura global será freado em 2ºC até o final do século.
– O segundo ponto, de acordo com o embaixador, é que não há clareza de como cortar as emissões até 2020.
– A ausência de definições sobre o que deve ser feito nas áreas de mitigação (corte de emissões), adaptação, transferência de tecnologia, finanças, capacitação de pessoas e transparência de ação e apoio a países vulneráveis é o terceiro ponto problemático do documento.
– O quarto é que o texto “desaparece” com o princípio das “responsabilidades comuns, porém diferenciadas”, motivo de briga entre os blocos de países ricos e os em desenvolvimento. Na prática, ele obriga nações que mais emitiram historicamente a fazer mais pelo clima. No entanto, os países desenvolvidos não acham justo que governos emergentes como China, Brasil e Índia, grandes poluidores atualmente, não cumpram as mesmas regras.
– O quinto ponto, segundo Marcondes, é que não pode haver retrocessos na Convenção do Clima, ou seja, extinguir as obrigações que existem atualmente, como o Protocolo de Kyoto, que obriga nações ricas a reduzir a poluição nacional por força de lei.
“Todos esses aspectos são resolvíveis, com pequenos ajustes de linguagem. A pergunta no ar é: podemos contar com a boa vontade política dos países?”, disse ele.
Fonte: G1