O livro ?Um sensível olhar sobre o terceiro setor?, lançado pela Summus Editorial, vem ampliar o debate sobre o assunto, trazendo experiências de cooperadores do segmento. Organizada pela professora da área de comunicação e terceiro setor da Universidade de São Paulo (USP) Eudosia Acuña Quinteiro, a coletânea de artigos enfoca os principais aspectos da atividade, define limites de atuação e elementos sobre a verdadeira ação social.
“O terceiro setor é a maior mudança social de que se tem notícia, pois envolve pessoas de todos os países, pensando na mesma direção, independentemente de credo religioso ou filantropia política”, afirma Quinteiro. A organizadora alerta, contudo, que é importante discutir o uso indevido de instituições e tudo que desvirtua seus reais interesses, como invasões em nome de lucro e do poder ? o que, é claro, acontece também no Brasil.
As pesquisas aprofundam as esferas da legislação, do meio ambiente, de finanças, da educação e da comunicação, entre outras abordagens do voluntariado. No artigo que abre o livro, “Histórias de um sensível olhar”, Quinteiro fala de suas experiências, contando em detalhe as agruras e os prazeres da atividade que foi conquistando espaço em sua vida pessoal e acadêmica.
Leda Yukiko Matayoshi colaborou com dois capítulos: “Universidade, comunidade e terceiro setor: abrindo canais de comunicação” e “Educomunicação: novo campo de atuação profissional e o terceiro setor”. No primeiro, ela destaca a postura da universidade diante desse fenômeno emergente. No outro, traça um paralelo sobre educação e comunicação.
A visão legislativa é o tema de Eliana Matayoshi Yamaguti, que escreveu “Legislação e terceiro setor”. Sua preocupação está voltada para a pouca divulgação da reforma do marco legal do terceiro setor no Brasil e, principalmente, para o significativo crescimento do número de instituições desse segmento. Segundo ela, a falta de orientação leva a várias complicações jurídicas.
A percepção do papel das mensagens visuais e as estratégias na formação da identidade institucional estão em “Comunicação visual nas organizações do terceiro setor: enxergando com o coração”, escrito por Mariléa C. de Oliveira Viebig. Patrícia Guimarães Gil criou a denominação “trabalhador da luz” no artigo “Voluntariado, uma vontade de pertencimento”, no qual vislumbra a participação do cidadão na construção de um novo mundo.
Novos preceitos do terceiro setor são apresentados por Sérgio Bialski em “Responsabilidade empresarial: um brado que ecoa”. Ele demonstra a mudança gradual e crescente de valores nas organizações, o que amplia a possibilidade de desenvolver iniciativas. Silvia Olga Knopfler Santana traz sua contribuição com “A comunicação e a captação de recursos no terceiro setor”, tratando da dificuldade da arrecadação financeira das instituições e da contratação de profissionais qualificados.
Outro elemento emergente é a questão ambiental tratada pelo artigo de Sydney Manzione, “Meio ambiente e comunicação”. A conscientização sobre os temas ecologia e terceiro setor ainda esbarra em dificuldades econômicas para atingir os objetivos e o devido respeito.
A coletânea concentra também, além de artigos e pesquisas, dois trabalhos realizados por Quinteiro: “Fala, cidadão!”, sobre a importância da comunicação oral nos projetos e que foi escolhido para participar do CD-Rom do Comitê Organizador do 11º Encuentro Latino-americano de Facultades de Comunicación Social, realizado em 2003, em Porto Rico; e o segundo, sobre a prestação de serviços sociais voluntários e as implicações no cotidiano dos envolvidos e das organizações.