Fundada em 1998 com foco no desenvolvimento de projetos que estimulem as questões de cidadania e gênero, a Fábrica de Imagens – Ações Educativas em Política e Gênero baseia sua missão nas perspectivas da equidade e diversidade. As ações socioeducativas, políticas e culturais são estratégicas no cotidiano dessa organização não-governamental fincada na Maraponga, um bairro da periferia de Fortaleza, no Ceará. O psicólogo Marcos Antônio Rocha, coordenador da ONG, conta que, até 2002, a entidade era centrada em ações mais “diretas”, como a capacitação de lideranças e a realização de eventos em torno dos temas-chave da entidade. Depois, ele diz que outras linguagens começaram a ganhar força no trabalho da Fábrica de Imagens. “A gente começou a perceber que a cultura e a comunicação tinham um grande potencial”, diz Marcos Antônio. A partir daí, foi criado, no final de 2005, o Núcleo de Realização Audiovisual, que tem realizado produtos como um programa de televisão e o projeto “Outros Olhares”, voltado para a formação de cerca de 30 jovens em produção audiovisual, beneficiando segmentos sociais que normalmente não têm acesso a esse tipo de atividade. Uma das metas é produzir cinco curtas-metragens – documentários ou ficções de até 15min – a partir dos temas propostos pelos próprios jovens. O programa de TV da ONG, “Perspectivas”, foi veiculado entre 2006 e 2007 na TV Ceará (estatal), com periodicidade semanal. A produção percorria a cidade conversando com lideranças, professores, profissionais e outras fontes que pudessem colaborar com a proposta editorial. Ele foi produzido a partir das atividades do Núcleo de Realização Audiovisual da Fábrica de Imagens. Segundo o psicólogo Marco Antônio Rocha, o programa deve retornar à TVC ainda em 2009, com apoio do Governo do Estado e do Governo Federal. Além disso, a Fábrica de Imagens mantém um cineclube que promove duas sessões semanais, com uma mostra destinada ao público de jovens e adultos, e outra, às crianças, sempre com debates realizados após cada exibição. Público diversificado Apesar de não ser uma entidade originalmente juvenil, a ONG trabalha principalmente com jovens, estimulando a participação social ativa, autonomia e o pensamento crítico. Marcos Antônio Rocha admite que há algum tempo existe o desejo de fazer um recorte etário nos projetos mantidos pela Fábrica de Imagens. “A gente procura falar especificamente de juventude”, destaca. No entanto, desde o início, a entidade mantém um público diversificado do ponto de vista geracional, envolvendo de crianças a idosos. Estes, por exemplo, devem contar com um projeto direcionado à inclusão digital. A Fábrica de Imagens prioriza, nos projetos relacionados à comunicação, formação, produção e disseminação de realizações audiovisuais que tenham temáticas voltadas para a questão de gênero, diversidade sexual e para as juventudes. Segundo Marco Antônio Rocha, a entidade tem mantido uma relação próxima com movimentos da sociedade civil que dialogam com esses eixos de atuação, a exemplo do Fórum Cearense de Mulheres, do Grupo de Resistência Asa Branca e da Rede de Jovens do Nordeste. Esses coletivos tiveram suas páginas virtuais desenvolvidas pelo Núcleo de Cultura e Produção Digital, que também realizou documentários sobre juventudes, homofobia nas escolas e sobre o movimento feminista no Ceará. Já o “Conversa de homem”, um dos projetos mais recentes da ONG, pretende fazer uma avaliação das informações sobre gênero, masculinidade e saúde sexual entre cerca de 200 trabalhadores dos portos do Mucuripe, em Fortaleza, e do Pecém, em São Gonçalo do Amarante, na Região Metropolitana da capital. Depois do levantamento inicial, o objetivo é desenvolver, junto aos participantes, idéias e práticas em torno das relações de gênero e a prevenção como base da vida sexual. Desenvolvido em parceria com a Secretaria Estadual de Saúde, a base do projeto é o esclarecimento acerca das doenças sexualmente transmissíveis (DSTs).