Discutir questões de cidadania e protagonismo juvenil, incentivando o senso crítico e o associativismo, promovendo uma cultura de paz entre os jovens por meio do esporte, da música e dança, entre outras atividades. Essa é a proposta da Organização Não Governamental MH2O do Brasil, movimento organizado de hip hop, que há vinte anos atua no Ceará, e também nos estados de São Paulo, Paraná e Rio de Janeiro, além de Brasília (DF).
Só no Ceará, mais de três mil jovens ? de 30 comunidades de Fortaleza e dos municípios de Baturité, Barreiras, Maranguape e Caucaia ? participam dos projetos e campanhas implementados pela ONG.
Segundo o coordenador geral do MH2O, Rogério Chaves, mais conhecido como Babau, a ONG realiza com assiduidade atividades ligadas ao hip hop, a exemplo das oficinas de grafite, dança de rua e rap.
“Também estamos participando do programa Geração Muda Mundo, em parceria com a Ashoka, com cerca de 120 projetos do MH2O aprovados”, explica, acrescentando que, entre os bairros mais atuantes, podem ser citados a Serrinha, Bom Jardim, Couto Fernandes, Demócrito Rocha, Conjunto Ceará, Barroso e Rosalina. “Também temos uma boa atuação no Aracapé, Bonsucesso, João XXIII, Curió, Rodolfo Teófilo, Montese e Tancredo Neves”, diz.
Partindo do lema “Quem cuida de Nós somos Nós mesmos”, a MH2O do Ceará busca somar esforços para fazer de cada comunidade atendida um lugar melhor para se viver. Para isso, realiza diversas ações, a exemplo da Campanha “Hip Hop na linha de Frente Contra o Crack” que originou o “Craques Versus Crack”. Iniciada na Serrinha com um campeonato de futebol de travinha (de rua), com times de quatro atletas, a idéia, segundo Babau, é mostrar que, por meio de iniciativas simples, é possível formar e conscientizar os jovens.
“É uma campanha com dois eixos. Primeiro, para conscientizar e informar a comunidade sobre as conseqüências destruidoras do crack, alertando para o perigo dessa droga para que os jovens não se deixem influenciar. Em segundo lugar, é também uma forma de fazer pressão contra o Estado, mostrando que o consumo de crack entre os jovens é um problema de saúde pública e não de polícia”, explica Babau.
“É algo simples, a gente escolhe uma rua do bairro e nela, além de jogar futebol, os jovens podem cantar rap, grafitar e dançar, além de serem informados sobre os males do crack. Ao final do dia, acontece um grande show de hip hop”.
Basquete de rua
A ONG também implementa o projeto das Escolinhas Comunitárias de Basquete de Rua, presente nos bairros Bom Jardim, Conjunto Ceará, Couto Fernandes e Serrinha. Pioneiro, foi criado em 1992, com o objetivo de oferecer aos jovens acesso ao esporte e lazer. As ações acontecem nas praças, onde são realizadas oficinas de basquetebol, com cunho pedagógico, para contrapor-se ao uso de drogas, como o crack, e ao envolvimento com prostituição e violência. Após a formação dos atletas, são realizados torneios de basquetebol, para gerar interação entre os jovens.