Dez agências da Organização das Nações Unidas (ONU) se comprometeram a ajudar governos, comunidades, mulheres e crianças a erradicar a mutilação genital. O compromisso é promover uma redução em massa da prática de corte do clitóris até 2015, o que seria essencial para atingir alguns dos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio, principalmente o que diz respeito à igualdade de gênero.
A ONU estima que esse tipo de intervenção – que envolve a remoção total ou parcial dos órgãos genitais femininos – ameaça cerca de 3 milhões de meninas todos os anos, e que de 100 milhões a 140 milhões de mulheres já tenham passado pelo procedimento, principalmente na Ásia, África e Oriente Médio.
As dez agências que se uniram na proposta são: Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud), Programa Conjunto das Nações Unidas sobre HIV/Aids (Unaids), Comissão Econômica da ONU para a África (Uneca), Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), Fundo de População das Nações Unidas (UNFPA), Alto Comissariado da ONU para Refugiados (Acnur), Escritório do Alto Comissariado da ONU para Direitos Humanos (UNHCHR), Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), Fundo de Desenvolvimento das Nações Unidas para Mulheres (Unifem) e Organização Mundial de Saúde (OMS).
Em uma declaração conjunta, as agências demonstram preocupação com a “medicalização” da mutilação, feita em alguns lugares por profissionais de saúde, com a crença de que ela aumenta a castidade das meninas, pois ajudaria a arrumar um bom casamento. Para as agências, a prática perpetua a discriminação de gênero.
O documento ressalta os efeitos prejudiciais da mutilação à saúde das mulheres. Sangramento excessivo e choque são algumas das conseqüências imediatas que, no longo prazo, podem incluir dores crônicas, infecções e traumas.
“Para esse objetivo [de fazer a prática desaparecer em uma geração] precisamos de mais recursos e de uma maior cooperação”, disse a vice-secretária-geral da ONU, a tanzaniana Asha-Rose Migiro. As agências destacam que, como a prática é uma convenção social em muitos lugares, a melhor forma de fazê-la desaparecer é reforçar o contato mais próximo com as comunidades e desenvolver um trabalho de conscientização conjunto, aproveitando experiências em andamento.
Dentro dessas comunidades, a decisão de abandonar a prática tem de ser coletiva, explícita e bem divulgada, para trazer uma mudança positiva e acabar com a mutilação genital em uma geração, segundo a ONU. De acordo com a declaração conjunta, há um número crescente de exemplos bem-sucedidos pelo mundo que a iniciativa deve ampliar e usar como base para ação em outros lugares.
Com informações de Pnud Brasil.