Um estudo encomendado pela Secretaria Nacional de Justiça, do Ministério da Justiça,divulgado no dia 06 de março, revela fortes indícios de que parte das mulheres deportadas ou não admitidas na Europa é vítima de tráfico internacional com fins de exploração sexual. É a primeira vez que um estudo do gênero é realizado no Brasil.
A pesquisa foi realizada entre os meses de março e abril de 2005 no aeroporto internacional de Guarulhos (SP). Ao todo, 175 mulheres responderam o questionário e 15 foram entrevistadas. Do universo analisado, 76% não chegaram a ser aceitas nos países de destino. Portugal foi o país que mais recusou a entrada das brasileiras, seguido por Itália, França, Espanha e Inglaterra, respectivamente.
As mulheres são, em sua maioria, de origem humilde e recebiam no Brasil até três salários mínimos. A maior parte das entrevistadas se concentra na faixa dos 25 aos 40 anos de idade e são de Goiás, Paraná e Minas Gerais, respectivamente. O estudo revela ainda que a maioria (57,7%) tem ensino médio completo ou incompleto, sendo que parte significativa alcançou o ensino superior completo ou incompleto (19,4%).
Para Cláudia Chagas, Secretária Nacional de Justiça, é preciso obter dados confiáveis sobre o tráfico internacional de seres humanos. “Sabemos que a maioria chega pelo aeroporto internacional de Guarulhos. Agora conhecemos suas histórias e podemos elaborar estratégias mais eficientes para combater este tipo de crime”, garante.
O próximo passo, segundo Cláudia Chagas, é criar um centro de atendimento no próprio aeroporto para auxiliar as vítimas e encaminhá-las a serviços de atendimento disponíveis nos estados, principalmente em Goiás e Ceará.
A pesquisa foi realizada em parceria com a Secretaria de Justiça e Defesa da Cidadania de São Paulo e do Escritório das Nações Unidas contra Drogas e Crime (UNODC) e contou com o apoio de vários órgãos federais que têm atuação no aeroporto (Polícia Federal; Polícia Rodoviária Federal; Receita Federal; Infraero; Anvisa) e organizações não-governamentais (Asbrad; Serviço da Mulher Marginalizada), além do Escritório de Prevenção e Combate ao Tráfico de Seres Humanos do Estado de São Paulo.