Crianças e adolescentes de baixa renda de cinco bairros de Betim, Minas Gerais, participam ao longo da semana de oficinas esportivas, de artes, informática, educação ambiental, matemática, inglês, fanzine, dentre outras. As atividades acontecem em horários complementares aos das escolas e fazem parte do projeto ?Construindo o Futuro?, promovido pela Missão Ramacrisna. Os participantes do projeto também têm, aos sábados, aulas de coral e percussão ou treinam na Escolinha de Esportes para a participação em campeonatos de futebol no estado. Patrocinado pelo Programa Fome Zero Petrobras, Construindo o Futuro é um projeto de educação para a cidadania e de promoção humana, que busca a sustentabilidade da comunidade por meio de qualificação profissional e incentivo à formação de associações de prestadores de serviços. O projeto começou suas atividades em 2002 e, até o final de 2005, 486 alunos já haviam se formado. ?As crianças podem ingressar na primeira série e continuar conosco até o término do ensino médio?, conta a coordenadora pedagógica do projeto, Raquel Avelar Figueiredo. Os participantes do Construindo o Futuro têm à disposição um Núcleo de Formação e Informática, equipado com computadores conectados à Internet e uma biblioteca. ?O espaço é aberto para os jovens e a comunidade. Não existe biblioteca pública na região, daí a importância do Núcleo no auxílio aos estudos?, acrescenta Figueiredo, ressaltando que o projeto também construiu um Centro Cultural de 200 lugares, com camarins, salas de projeção e de apoio, toaletes e hall. Nesse espaço há exibições de filmes e realização de eventos. Os jovens integrantes do projeto atuam ainda na elaboração de um boletim impresso e eletrônico: o Jornal Espaço de Artes e Sonhos. A publicação é semestral ou anual, e traz um resumo das atividades realizadas pelo Construindo o Futuro. O conteúdo é feito exclusivamente pelos participantes do projeto, que contribuem com textos, desenhos, divulgação de eventos e depoimentos. Eles também fazem a diagramação do jornal, que tem tiragem de 1.500 exemplares e é distribuído a alunos, familiares e visitantes. Todo o trabalho de elaboração do jornal é supervisionado por uma equipe multidisciplinar da Missão Ramacrisna, composta por sete profissionais de diversas áreas, como língua portuguesa, informática e outras. ?Buscamos valorizar o trabalho dos alunos, indicando no jornal o nome de quem escreveu textos ou contribuiu com outros materiais?, informa Figueiredo.Em 2005, os participantes do Construindo o Futuro ampliaram sua experiência com os meios de comunicação. Realizaram, durante o 1º Encontro Nacional Juventude em Rede, em Belo Horizonte, uma oficina de fanzine em parceria com jovens das entidades Bem TV (Niterói ? RJ) e Ler & Agir (Rio de Janeiro ? RJ). A atividade propiciou o intercâmbio entre os jovens, que prossegue até hoje com a troca de e-mails. ?Os resultados da oficina foram muito positivos. Os jovens puderam socializar suas experiência e estabeleceram trocas com adolescentes de outros estados?, afirma Figueiredo. A experiência foi tão boa que, em 2006, o Construindo do Futuro passou a realizar oficinas de fanzine. O projeto ainda implantou uma cooperativa de artesãos ? a Futurarte. Ela é composta por 30 jovens e ex-alunos do Construindo o Futuro, que desenvolvem trabalhos em tecelagem, cestaria, cerâmica e tecidos. Com a iniciativa, eles passam a ser empreendedores do próprio destino, sustentados pela renda obtida com seus produtos. Os trabalhos realizados pela Futurarte já foram expostos nas duas maiores feiras do país ? a Feira Nacional de Artesanato 2004/2005, em Minas Gerais, e a Feira da Providência 2004/2005, no Rio de Janeiro. Em 2006, o projeto pretende aumentar a participação dos jovens na elaboração do jornal Espaço de Artes e Sonhos. ?Vamos ampliar o número de páginas e estimular mais alunos a participarem do processo de produção do jornal?, declara a coordenadora. Uma outra oficina também está sendo colocada em prática: a de preparação do jovem para o primeiro emprego. Nela, os alunos vão se envolver com questões de ética e cidadania, e assistirão a palestras de profissionais sobre etiqueta empresarial, confecção de currículos e cartas de apresentação. ?Queremos que eles se sintam preparados para encarar o mercado de trabalho?, comenta Figueiredo. Os recursos empregados nos programas da Missão Ramacrisna vêm de duas fábricas próprias: uma produz telas de arame galvanizado, a outra, massas caseiras. Além da Petrobras, a entidade conta ainda com a parceria da Liverpool Hope University, Banco do Brasil, Grupo Pão de Açúcar e outros.