Enfatizar a importância de se incluir pessoas com deficiência ? e particularmente seu direito à saúde sexual e reprodutiva ? em políticas nacionais e programas em todo o mundo. Este foi o objetivo da Reunião Técnica Global sobre Saúde Sexual e Reprodutiva e Pessoas com Deficiência, que ocorreu em dezembro de 2007. O evento, organizado pelo Fundo de População das Nações Unidas (UNFPA), e a Organização Mundial de Saúde, visou validar e finalizar um Guia sobre Saúde Sexual e Reprodutiva e Pessoas com Deficiência.
Segundo a Dra. Hilda Aloisi, psicóloga com deficiência que trabalha pela inclusão social de outras pessoas com deficiência, o evento foi uma importante iniciativa para aumentar a conscientização sobre os direitos das pessoas com deficiência em relação à saúde sexual e reprodutiva.
?Este foi o primeiro e pioneiro passo para tornar nossos direitos efetivos?, disse a Dra. Hilda. ?Temos lutado por isso por mais de 20 anos e finalmente tenho esperança de que um dia poderei e serei efetivamente tratada como todo mundo. Quero dizer, amar e ser amada, ter relacionamentos e, especialmente, ser uma mulher completa?.
Cerca de 10% da população mundial ? 650 milhões de pessoas ? vivem com algum tipo de deficiência, e sua saúde sexual e reprodutiva tem sido negligenciada. Adolescentes e adultos com deficiência são tão propensos a ser sexualmente ativos como qualquer outra pessoa. Estima-se que 80% das pessoas com deficiência em todo o mundo vivam nos países em desenvolvimento, a maioria das quais sem sistemas sociais de apoio.
?A menos que esse enorme contingente de pessoas faça parte das políticas e programas para o desenvolvimento, não será possível alcançar os objetivos internacionais de desenvolvimento?, disse a diretora adjunta da Divisão de Apoio Técnico do UNFPA Hedi Belhadj, durante o evento. ?Primeiro, temos que reconhecer a diversidade das necessidades e responder de forma adequada. A deficiência não está restrita a nenhum setor social ou grupo econômico, cultura ou faixa etária. Na verdade, qualquer pessoa pode nascer com ou adquirir uma deficiência a qualquer momento?.
?As pessoas com deficiência devem saber como se proteger em relação a gestações não planejadas, HIV e aids e outras infecções transmitidas sexualmente, e contra a violência de gênero?, acrescentou a Dra. Belhadj. ?Esse tipo de informação e serviços devem ser disponibilizados em formatos acessíveis, incluindo formas alternativas de comunicação?.
Não é preciso necessariamente mais recursos, de acordo com a Dra. Belhadj. ?Freqüentemente isto é apenas uma questão de os médicos, as enfermeiras, parteiras e os gestores aprenderem a se comunicar, e de se levarem em consideração as necessidades das pessoas com deficiência, garantindo que tenham acesso às informações necessárias e possam utilizar os serviços já disponíveis de planejamento familiar, saúde materna e prevenção de HIV?, afirmou.
Estigma,falta de apoio e discriminação também são problemas. Atitudes negativas e estereotipadas na sociedade e a falta de apoio em questões relacionadas a deficiências freqüentemente levam a baixa auto-estima e barreiras psicológicas em termos de saúde sexual e reprodutiva.
?Eventos como este são boas oportunidades não apenas para compreender quais são as verdadeiras necessidades e demandas das pessoas com deficiência, mas também para mostrar que as pessoas com deficiências têm uma importante contribuição a fazer à sociedade como um todo?, disse Alanna Armitage, representante do UNFPA no Brasil. ?Só vamos conseguir isso se seus direitos forem garantidos e nós, como cidadãos, formos capazes de enfrentar o estigma, disponibilizar o apoio de que as pessoas com precisam e acabar com a discriminação?, acrescenta.