A população ribeirinha do rio Tapajós, no Pará, não precisará mais se deslocar até os grandes centros urbanos para fazer exames pré-natal, imunizações, atendimento odontológico e ambulatorial e pequenas cirurgias. No final de agosto, será inaugurado o barco-hospital, uma iniciativa da ONG Projeto Saúde e Alegria, que pretende expandir sua atuação em programas de saúde básica a 150 comunidades da região. O barco ficará permanentemente no rio, subindo pela Floresta Nacional e descendo pela Reserva Extrativista Tapajós-Arapiuns. Batizado de Abaré (“cuidador” ou indivíduo dedicado aos demais, em tupi), o barco é uma unidade móvel de saúde equipada com dois consultórios médicos, um odontológico, raio-X e uma unidade laboratorial, além de facilidades e equipamentos para realizar pequenas cirurgias e partos. Terá uma lancha para atendimentos de emergência com equipamentos de UTI móvel ? a chamada ambulancha, já utilizada por várias prefeituras do estado no atendimento a comunidades ribeirinhas ?, e estará interconectado via rádio com as comunidades atendidas e as unidades de saúde dos poderes locais. Quanto ao público, serão atendidas 150 comunidades ? cerca de 15 mil pessoas ? nas margens do rio Tapajós, principalmente os residentes na Floresta Nacional (Flona) do Tapajós e na Reserva Extrativista (Resex) Tapajós-Arapiuns.Segundo Caetano Scannavino, um dos coordenadores do Projeto Saúde e Alegria, o barco deve ser uma continuidade do Programa Saúde na Floresta, iniciado em julho de 2003. Financiado pelo BNDES, o programa se centrou na melhoria das condições de higiene e saneamento básico, através da implantação de micro-sistemas de abastecimento de água, kits de fabricação de cloro, perfuração de poços, construção e distribuição de pedras sanitárias e postos de saúde. Também foram realizadas ações de educação em saúde, através da implantação de rádios comunitárias, melhoria da comunicação através da instalação de rádio-transmissores (amador) e realização de oficinas de capacitação sobre higiene e saneamento.”Depois do trabalho com infra-estrutura e saneamento, com a chegada do barco vamos investir em assistência médica básica. A idéia é desenvolver um modelo de atenção primária que possa ser replicado pelas políticas públicas”, explica Scannavino.
Difícil acessoSegundo o médico Rafael Marino, responsável pelo atendimento de saúde, o barco ficará permanentemente no rio, subindo pela Flona e descendo pela Resex. Atendimentos emergenciais deverão ser prestados pela ambulancha, ou os pacientes poderão ser levados ao barco por outras duas lanchas rápidas.
Marino explica que o maior problema das comunidades ribeirinhas sempre foi a dificuldade de acesso aos serviços de saúde dos centros urbanos, por conta das distâncias, já que algumas comunidades ficam a três dias de barco de um posto de saúde.
ONG Projeto Saúde e AlegriaNascido em meados da década de 1980 em Santarém, no Pará, o Projeto Saúde e Alegria (PSA) é uma ONG especializada em saúde comunitária para populações ribeirinhas da região.