A primeira universidade popular do Brasil acaba de completar cinco anos. Iniciativa do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST), a Escola Nacional Florestan Fernandes (ENFF) nasceu com o objetivo de estimular uma formação crítica voltada à realidade do campo e às diversidades sociais e culturais do Brasil. A ideia é que os estudantes saiam da universidade com capacidade de pensar e articular ações que se contraponham ao status quo.
Como todos os cursos são gratuitos, a escola se sustenta com doações de movimentos sociais, de estudantes ou com convênios mantidos com outras instituições de ensino. A manutenção da Escola é garantida pelos próprios estudantes, que ficam responsáveis por tarefas e serviços internos.
O município de Guararema (SP)foi o escolhido para abrigar a ENFF. Entre os cursos oferecidos pela universidade há Filosofia Política, Teoria do Conhecimento, Sociologia Rural, Economia Política de Agricultura, História Social do Brasil, Conjuntura Internacional, Administração e Gestão Social, além de cursos de especialização em educação no campo, administração cooperativista, pedagogia da terra, planejamento agrícola, técnicas agroindustriais. A Escola ainda mantém convênios com universidades públicas: com o Curso de Realidade Brasileira oferecido na Universidade de Campinas (Unicamp); o Teorias Sociais, ministrado na Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ); Realidade Latino-Americana oferecido na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG); e História na Universidade Federal da Paraíba (UFPB).
A Escola Florestan Fernandes é ainda a única iniciativa de universidade popular no Brasil, mas conta com exemplos parecidos em outros países, como a Universidad Campesina San Jose de Apartado (Colômbia), Univesidad Popular Madres de la Plaza de Mayo (Argentina), Universitá Popolare di Roma (Itália) e a Urban Popular University (Estados Unidos).
História
A inauguração da ENFF surgiu após muitos debates iniciados pelo sociólogo português Boaventura de Sousa Santos, que durante o 3º Fórum Social Mundial realizado em Porto Alegre, em 2003, propôs aos movimentos a criação de uma universidade popular dos movimentos sociais. A ideia era proporcionar um espaço em que os militantes dos movimentos, cientistas sociais e outros interessados tivessem um espaço de ?auto-educação?, independente dos interesses do mercado. Dois anos depois, a universidade é lançada durante o FSM de 2005.
Em artigo publicado em 2003, Boaventura afirma que o objetivo da universidade popular não é ?formar quadros e dirigentes de ONG e movimentos sociais?. ?O objectivo geral é contribuir para que o conhecimento da globalização alternativa seja tão global quanto ela e que, nesse processo, as ações transformadoras sejam mais esclarecidas e eficazes, e os seus protagonistas, mais competentes e reflexivos?, diz o sociólogo no artigo.Com informações Envolverde (www.envolverde.com.br)