Jovens de 15 a 24 anos do Aglomerado da Serra – um conjunto de favelas de Belo Horizonte com mais de 33 mil moradores – vão formar uma cooperativa para fabricar e vender vassouras com cerdas feitas de garrafa plástica reciclada. A iniciativa faz parte de um projeto apoiado pela organização não-governamental Contato ? Centro de Referência da Juventude e pela Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (PUC-Minas), com o objetivo de auxiliar jovens pobres a conseguirem trabalho e renda.
A renda média dos moradores do Aglomerado da Serra é de 2,1 salários mínimos. Os participantes do projeto também vão fabricar vasos, copos, xícaras e bandejas de cerâmica. O projeto foi iniciado em 2004 pela Contato, que é formada e gerida por jovens. Com um financiamento do Banco do Brasil, a entidade comprou equipamentos e começou a fabricar os produtos.
As técnicas de produção foram aperfeiçoadas e, ainda em 2004, foi firmado um contrato de R$ 483 com uma empresa de limpeza de Belo Horizonte para a venda de 156 vassouras por mês. As cerâmicas são vendidas em uma feira organizada pela prefeitura e geram cerca de R$ 300 por mês.
Em maio de 2006, a iniciativa ganhou um impulso: por meio da parceria com a PUC-Minas, a ONG foi contemplada pelo Programa de Inclusão Produtiva ? iniciativa do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) e do Ministério do Desenvolvimento Social. O programa selecionou oito projetos de instituições de ensino superior que receberam, no total, R$ 8 milhões para apoiar atividades voltadas à geração de emprego para jovens de baixa renda.
O projeto de Belo Horizonte recebeu R$ 75 mil, usados na compra de novos equipamentos para serem utilizados no treinamento de outros jovens (torno e forno), computadores, impressoras de código de barra, argila, cabo de vassoura, cunha, tintas e lanches para os participantes.
Agora, a verba também será usada na formação de uma cooperativa, para que os jovens possam administrar a produção. ?Quando a gente começou a ONG, assumimos o compromisso com a equipe de criar uma cooperativa com os jovens. A gente vai dar auxílio o tempo que precisar para que ela vingue?, diz o coordenador da Contato, Daniel Perini.
De acordo com ele, com a criação da cooperativa, a meta é gerar R$ 600 por mês com a produção dos artigos de cerâmica e R$ 1.100 mensais com a venda das vassouras. Caso isso se confirme, os seis jovens que participam do trabalho devem receber cerca de R$ 220 e os três monitores que também produzirem devem ficar com R$ 430.
Outro objetivo é aumentar para 30 o número de cooperados. Os novos membros serão definidos pelos próprios jovens, conforme o aumento da produção. ?Eles já escolheram receber dois jovens que cumprem medida socioeducativa, que devem começar a partir de abril?, conta Perini. ?A idéia é que eles se emancipem, que a cooperativa seja gerida por eles e que funcione a partir do trabalho deles?, completa. Segundo Daniel Perini, a cooperativa deverá estar formalizada até o final deste ano.
Fonte: Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (www.pnud.org.br)