Produtores de grãos e representantes de instituições de ensino e pesquisa de Santarém e Belterra, no Pará, participaram, no final de julho, de um curso sobre técnicas de recuperação de áreas degradadas e matas ciliares. O objetivo foi capacitar os agricultores da região para identificar áreas que devem ser protegidas pelo Código Florestal, como as Áreas de Proteção Permanente (APPs), e como recuperá-las no caso de terem sido degradadas. O curso, ministrado por especialistas do Laboratório de Ecologia e Restauração Florestal da USP (ESALQ/USP), faz parte do Projeto Soja Responsável da The Nature Conservancy (TNC), uma iniciativa desenvolvida há dois anos pela organização, com apoio da Embaixada do Reino Unido, para identificar mecanismos que favoreçam os produtores a se adequarem ao Código Florestal. O projeto piloto tem o apoio da Cargill Agrícola S.A. e parceria do Sindicato Rural de Santarém (Sirsan) e dos produtores de grãos de Santarém e Belterra.Segundo Ana Cristina Barros, representante da TNC no Brasil, o curso é um exemplo concreto do tipo de apoio técnico que ONGs, empresas e associações podem oferecer para os agricultores. “Muitos produtores querem recuperar suas florestas, mas não sabem como. Trazer a floresta de volta exige muito mais do que simplesmente plantar árvores. Esperamos que eles ponham em prática as técnicas aprendidas para a recuperação das suas florestas,” afirma Barros. O curso abordou teoria e prática básica referentes à restauração ecológica, legislação ambiental, criação de corredores ecológicos, e o monitoramento da recuperação de áreas degradadas em propriedades rurais. “O curso vem atender uma das maiores preocupações do sindicato que é trabalhar respeitando a legislação ambiental. A transferência de conhecimento técnico para os produtores rurais é fundamental para que eles possam recuperar áreas degradadas,” explica Adinor Batista dos Santos, atual presidente do Sirsan, principal entidade representante dos produtores de grãos da região.Projeto Soja ResponsávelO Código Florestal exige que 80% das propriedades na região amazônica sejam protegidas, bem como as áreas de mata ciliar. O Projeto Soja Responsável busca isto, desenvolvendo melhores práticas de gerenciamento agrícola baseadas em ciência e na boa gestão ambiental, garantindo a produtividade e saúde duradoura dos ecossistemas e da paisagem da região. Além deste projeto piloto na Amazônia, a TNC tem experiência na consolidação da conservação de áreas privadas em outros biomas do Brasil, incluindo a Mata Atlântica e o Cerrado. Uma destas iniciativas, em Lucas do Rio Verde, Mato Grosso, reúne mais de 12 parceiros, incluindo empresas do setor de agronegócio. O objetivo é promover o processo de regularização socioambiental das propriedades rurais do município, compatibilizando o desenvolvimento agropecuário e a conservação ambiental da região. Dentre as instituições que também participaram do evento estavam: Secretaria Executiva de Ciência, Tecnologia e Meio Ambiente (Sectam) do Estado do Pará e o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Renováveis (Ibama) do Governo Federal.