Projeto do Ministério do Turismo em parceria com a Incubadora Tecnológica de Cooperativas Populares (ITCP), da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), busca estimular o turismo em áreas com baixo Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) e com potencial turístico.O projeto ?Reaplicação de tecnologia social de incubação de cooperativas populares e organização comunitária em áreas com baixo (IDH)? existe desde 2006 em três estados do país: Lençóis Maranhenses, no Maranhão, Parque Nacional de Jericoacoara, Ceará, e na Serra da Capivara, e no Delta do Parnaíba, ambos no Piauí.Segundo a coordenadora geral de Projetos de Estruturação do Turismo em Áreas Priorizadas do Ministério do Turismo, Kátia Silva, a iniciativa é importante para que os interesses e necessidades das comunidades locais sejam considerados no desenvolvimento do turismo.?O projeto ajuda a organizar, qualificar e fortalecer o trabalho nas comunidades. Isso faz com que o desenvolvimento local seja uma forma de melhoria na qualidade de vida, a partir da geração de trabalho e renda?.A Cooperativa dos Artesãos de Camocim (Coopercim), no Ceará, é um dos 34 grupos atendidos pelo projeto. A presidente da Coopercim, Hercília Santos, conta que, a partir da instalação da central de artesanato da cooperativa, os moradores do município cearense se mobilizaram e abriram outras três lojas em Camocim. O espaço é chamado de Corredor do Artesanato:?Estamos mais motivados, porque agora nosso trabalho é reconhecido. Não existem palavras para explicar o orgulho que é ver aquelas lojinhas abertas o dia todo. E não faltam pessoas para comprar nossos produtos?.Atualmente, a Coopercim integra o Conselho Municipal de Turismo do Ceará, com direito a voz e voto. O que, para a presidente da entidade, é um passo importante para o fortalecimento da representação política do grupo.?Formamos uma cooperativa para juntos melhorar nosso trabalho e a comercialização dos nossos produtos. O resultado disso é mostrado não só em Camocim, mas nas feiras que participamos?, diz Hercília Santos, citando como exemplo o III Salão do Turismo ? Roteiros do Brasil, realizado em junho de 2008.Fortalecendo o turismo comunitárioA Rede de Hospedarias Familiares de Santo Amaro, no Maranhão, é outro grupo contemplado pelo projeto, e recebe apoio do Ministério do Turismo desde 2006. A rede, que ainda não é uma cooperativa formalizada, é formada por 13 famílias da cidade.?Nossa conquista mais importante foi o fortalecimento do turismo de base comunitária?, afirma o presidente da rede, Jorge Augusto Santos Silva. ?Mas há outros avanços: hoje entendemos a importância de se ter uma central para agrupar nossos serviços. Um espaço para cuidar da promoção, comercialização e capacitação da rede de hospedagem?, diz José Augusto, que também é secretário de Turismo de Santo Amaro. Segundo ele, além do projeto para a criação de uma central de turismo local, a rede hoje tem uma marca, que a identifica visualmente.Outra conquista, acrescenta o secretário, foi a elaboração da Carta de Qualidade. O documento traz os princípios de hospitalidade, bom atendimento e manutenção de qualidade de vida, além de orientações para preservar a privacidade da família hospedeira.Avanços em outros estadosEm Ilha Grande, Piauí, um grupo de guias turísticos participou de cursos de qualificação e recebeu assistência técnica para desenvolver projetos e, com isso, poder pleitear recursos.?Já conseguimos uma vitória: aprovar um projeto de aproximadamente R$ 1,5 mil para a compra de materiais que vão melhorar a qualidade do nosso trabalho?, diz Pedro da Costa Silva, integrante do grupo. E completa: ?Hoje temos um grupo com bases sólidas, e as pessoas começam a nos olhar de forma diferente. Nossos horizontes estão mudando graças às instituições que apóiam nossas idéias?.Na região dos Lençóis Maranhenses, Maranhão, dez cooperativas receberam suporte: quatro ligadas ao transporte turístico, três à gastronomia, uma ao artesanato, uma à condução de turistas e uma à hospedagem familiar.Na região do Parque Nacional de Jericoacoara, Ceará, sete grupos, que reúnem cerca de 160 participantes, tiveram apoio. Eles estão divididos em atividades de beneficiamento de caju, condução turística, artesanato, reciclagem, compostagem, instrução de wind e kitesurf, além de transporte turístico.Na região da Serra da Capivara, Piauí, seis cooperativas receberam suporte. Dessas, três são ligadas a atividades de artesanato, duas à gastronomia e uma à produção artesanal de produtos de limpeza. Em virtude de uma avaliação de inviabilidade econômica, houve a desistência de um dos grupos produtivos de gastronomia.No Delta do Parnaíba, também no Piauí, 12 grupos estão em processo de incubação, sendo seis ligados ao artesanato, três à condução de turistas, dois relacionados à pesca de manjuba e à cata de caranguejo e um à hospedaria domiciliar.