Em Contagem, na região metropolitana de Belo Horizonte, 50 educadores de 40 escolas públicas municipais estão empenhados em vencer as barreiras para uma prática pedagógica inclusiva e garantir uma escola aberta para o aluno com deficiência mental. A largada foi dada em agosto de 2008 com a criação do programa ?Educar na Diversidade?, desenvolvido pela Apae-Contagem e pela Fundação ArcelorMittal Brasil, em parceria com a Belgo Bekaert Arames (BBA) e a Secretaria Municipal de Educação do município.
O programa tem como eixo principal a capacitação de professores e pedagogos. Na primeira fase, que ocorreu no segundo semestre de 2008, foi desenvolvido um curso com carga horária de 140 horas sobre inclusão, práticas escolares e atendimento educacional especializado, voltado para 23 educadores de escolas municipais de Contagem.
A pedagoga da Escola Municipal Padre Geraldo Basílio Ramos, Cláudia Mara Gomes Viegas, aprendeu novos conceitos e metodologias, já colocados em prática no dia-a-dia escolar. ?Ainda há muito preconceito, principalmente dos pais dos estudantes que dividem a mesma sala com alunos com deficiência. No curso, aprendemos a lidar com situações como essa, tornando a prática pedagógica ampla o suficiente para integrar todos os alunos, valorizando os trabalhos em grupo e a solidariedade?, ressalta.
Na turma de 2008, as atividades propostas aos alunos de 6 anos pela professora Maria Eugênia Aleixo ganharam um novo ritmo com a entrada de um estudante com paralisia cerebral. Música, arte, reciclagem e brincadeiras receberam um espaço especial no plano de aula. ?No início, ele chegou a rasgar os exercícios, recusando-se a fazê-los. Aos poucos, se integrou à turma, participando de todas as atividades?, conta Maria Eugênia, que também é psicóloga. ?Os médicos diziam que ele falaria, no máximo, três sílabas. No final de 2008, ele pronunciava praticamente todos os fonemas?, comemora.
Em maio de 2009, o programa recomeçou com a participação de mais 27 educadores, também selecionados pela Secretaria Municipal de Educação. Nessa etapa, a metodologia consiste na discussão e formação continuada por meio do estudo de caso. Os encontros acontecerão na sede da Apae até dezembro deste ano.
Na avaliação da coordenadora do Núcleo de Estudos e Pesquisa em Inclusão (Nepi) da Apae-Contagem, Mônica Maria Fernandes de Mello, em muitas escolas ainda são aplicadas soluções paliativas e parciais. ?Propomos alterações nas estruturas do sistema escolar como um todo, com mudanças na organização do tempo e espaço da escola, bem como da gestão escolar?, diz. Segundo ela, a inclusão é um direito de todos, definida na Constituição Federal de 1988 e na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, publicada em 1996.
De acordo com a Fundação ArcelorMittal Brasil, já está em avaliação a extensão do programa para outros municípios de Minas. ?Sabemos que apesar de prevista na legislação, a inclusão ainda não é realidade em muitas escolas. Preparando educadores para lidar com a diversidade, esperamos contribuir para que as crianças com deficiência sejam de fato inseridas no ambiente escolar, promovendo mudanças em todo o sistema de ensino?, conclui a gerente de Educação da fundação, Zulmira Braga.
Com atuação nas áreas de promoção social, educação, saúde, meio ambiente e cultura, a fundação desenvolve 13 programas que beneficiam anualmente em torno de 800 mil pessoas em Minas Gerais, São Paulo, Espírito Santo e Bahia – regiões em que a ArcelorMittal possui unidades industriais. O principal foco de atuação é o investimento na formação de crianças e jovens, promovendo a educação e a cultura para proporcionar o exercício da cidadania.
Com informações de Responsabilidadesocial.com (www.responsabilidadesocial.com)/ Cynthia Ribeiro