Preocupada com a possibilidade de informações sobre o mosquito transmissor da dengue não estarem sendo assimiladas corretamente por moradores de cidades como o Rio de Janeiro, que atualmente enfrenta uma epidemia da doença, a professora Hermione de Campos Bicudo, da Universidade Estadual Paulista (Unesp), lançou o projeto ?Ação Comunitária para o controle do Aedes aegypti?.
A ferramenta principal do projeto é uma página na internet, no site do Instituto de Biociências, Letras e Ciências Exatas (Ibilce), onde a professora leciona. Nela há informações sobre o mosquito e métodos preventivos de baixo custo, como uso da borra de café ou de sal fino de cozinha em criadouros em potencial que não podem ser completamente eliminados.
?A idéia é contribuir para a formação de agentes multiplicadores de todos os setores da sociedade, interessados em se engajar na tarefa de difundir por que e como devemos combater o mosquito da dengue. Damos foco na prevenção, pois na fase adulta o Aedes aegypti tem características biológicas que tornam seu combate muito mais difícil?, disse Hermione, que desenvolve pesquisas com o mosquito há 20 anos.
O site do projeto contém um texto didático, escrito com base em resultados de estudos feitos no instituto, com explicações sobre a biologia do mosquito, suas principais características e formas de transmissão do vírus e de desenvolvimento do inseto. Também descreve particularidades dos criadouros e estratégias para combatê-los.
Recurso visual
No site, está disponível para ser baixada uma apresentação com imagens e resumo de informações do projeto e material que ajuda a repassar conceitos a outros interessados. Segundo informações da página, o Aedes aegypti tem vida útil de cerca de 40 dias e características que lhe conferem vantagens para sobreviver. Fêmeas do mosquito botam ovos em águas paradas mas, segundo a professora da Unesp, o maior problema é que os ovos podem se desenvolver mesmo em pequenos recipientes, como uma tampinha de garrafa. ?Mesmo que a água da tampinha seque, os ovos podem permanecer vivos por até um ano. Se a tampinha voltar a encher, podem ser desenvolvidos naquele pequeno espaço até 300 ovos de uma mesma fêmea. Além de o mosquito se esconder no meio de uma grande variedade de espécies de plantas, uma tampinha também é um criadouro em potencial. O ovo do mosquito tem o tamanho de um ponto feito por uma lapiseira em um papel?, explica Hermione.
Diferente da febre amarela, que já conta com uma vacina para seu controle, para a dengue ? inclusive para sua forma mais severa, a hemorrágica ? ainda não há vacina nem tratamento específico, o que faz com que o índice de mortalidade seja elevado. Em 2007, cerca de 500 mil pessoas tiveram a doença no Brasil e pelo menos 250 morreram de dengue hemorrágica. ?Este ano, no Rio de Janeiro, já foram registradas mais de 50 mortes ocasionadas pela doença, sendo a maioria de crianças. Calcula-se que sejam infectadas 75 pessoas por hora no estado, o que fez com que o governo decretasse uma epidemia. Até o fim do ano passado, a doença não tinha chegado ao Rio Grande do Sul e a Santa Catarina. Mas hoje está presente em todos os estados brasileiros?, diz a professora.O site do projeto é www.ibilce.unesp.br/dengue.