Um sistema instalado no Centro Tecnológico de Hidráulica (CTH) da Universidade de São Paulo (USP) tem transformado parte do esgoto produzido pela residência e pelo restaurante universitários em energia elétrica. O projeto foi desenvolvido pelo Centro Nacional de Referência em Biomassa (Cenbio) do Instituto de Eletrotécnica e Energia (IEE) da USP.O tratamento do esgoto local produz um biogás que é captado pelo equipamento desenvolvido no projeto – capaz de gerar cerca de 14 kWh de energia com a captação aproximada de 72 metros cúbicos diários do esgoto doméstico, produzido por cerca de 500 pessoas.”Ao todo, foram mais de três anos com pesquisas e instalação dos equipamentos. Cuidamos pessoalmente da instalação de todo o sistema”, conta Fernando Castro Abreu, engenheiro mecânico que atuou na equipe do projeto.
FuncionamentoApós as etapas de filtragem do esgoto, em que são retirados sólidos, materiais oleosos e graxas dos dejetos, o restante é encaminhado para o biodigestor (Rafa) – com seis metros de altura e comportando um volume de 25 m3 de esgoto. Os materiais sólidos, oleosos e graxas são encaminhados a um sistema de compostagem.Após oito horas, o biogás obtido com o tratamento anaeróbio (sem oxigênio) do esgoto é captado pelo biodigestor e encaminhado ao sistema de purificação. Em seguida, ele é armazenado no gasômetro e utilizado como combustível no gerador.Comercialização Um painel com lâmpadas e resistências, instalado ao lado do gerador, mostra os resultados da energia gerada pelo sistema. Segundo Vanessa Pecora, engenheira química que apresentou o projeto em seu mestrado, a idéia é dar continuidade às pesquisas e tentar buscar recursos em instituições financiadoras para aperfeiçoamento do projeto.”Provamos (com o projeto) que a transformação do biogás em energia é possível. Para uma escala comercial, o sistema teria de ser mais amplo, numa grande cidade”, explica Pecora. Ela cita como exemplo o município de Barueri, onde há um sistema semelhante em funcionamento.Segundo Pecora, a utilização do gás obtido dos esgotos (composto, basicamente, de dióxido de carbono e metano) apresenta baixo custo e vantagens ambientais. “Trata-se de um gás emitido diretamente na atmosfera, agravando o impacto ambiental”, avalia.