Um convênio assinado entre a Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres (SPM) e a Fundação Cultural do Estado do Tocantins, no dia 02 de julho, vai investir na autonomia das mulheres e no desenvolvimento sustentável de Palmas e das regiões do Jalapão e Bico do Papagaio. O objetivo do projeto é oferecer oportunidade de geração de renda para 4500 mulheres, aproveitando o potencial produtivo de recursos naturais como capim-dourado, buriti e babaçu, sem degradar o meio ambiente.Intitulado ?Trabalho, Artesanato, Turismo e Autonomia das Mulheres?, o projeto irá trabalhar com mulheres beneficiárias dos 14 cursos de formação a serem desenvolvidos em 13 municípios: Palmas, região do Jalapão e do Bico do Papagaio. A seleção das participantes deve iniciar em setembro e os cursos devem acontecer em associações de artesãs, centros comunitários e salas cedidas por escolas públicas.Os municípios contemplados pelo projeto têm baixos índices de desenvolvimento humano. As mulheres têm uma cultura de subsistência, sustentam as famílias e trabalham com a extração vegetal, atividade em que mão-de-obra humana vem sendo rapidamente substituída pela industrial.Além de deslocar a capacidade produtiva das mulheres para outra área da economia, o projeto visa incentivar o trabalho cooperado das artesãs e afirmar o espaço produtivo das mulheres. De acordo com o planejamento do projeto, a comercialização da produção será feita diretamente pelas mulheres nas rotas turísticas do interior do Tocantins e na Casa do Artesão, loja instalada no centro da capital do estado. Cultura localNo Sudeste do estado, mulheres de seis municípios do entorno do Jalapão terão cursos de capacitação para uso racional do capim-dourado na confecção de peças artesanais. A intenção do projeto também é fazer com que haja maior consciência da população na preservação do capim-dourado, uma vez que, segundo a Fundação Cultural do Estado do Tocantins, a grande oferta na natureza e a procura pela compra deste material estão reduzindo sua quantidade.Na estratégia de aproveitamento da cultura local, também serão desenvolvidos cursos de panificação artesanal e produtos orgânicos como licores de frutas para valorizar o sabor diferenciado da região.No Norte do Tocantins, a redução do desgaste das mulheres na quebração do coco e extração do babaçu e buriti é outra meta dos cursos de formação, que atenderão seis municípios da região do Bico do Papagaio. Segundo a coordenação do projeto, a renda obtida por essa atividade é menor do que pode ser conquistada pela dedicação exclusiva ao artesanato.?Queremos melhorar a qualidade de vida e produtiva das mulheres, gerar renda na região. Fazer com que as mulheres não precisem ir mais para o mato, ficar sofrendo com o trabalho puxado. É possível fazer renda no aconchego do lar ou em grupo com outras mulheres?, diz Valvinete Pereira Lima Neves, diretora de Arte e Cultura da Fundação Cultural do Estado do Tocantins.Em Palmas, oficinas de bordado, corte e costura, flores ornamentais, panificação caseira e marcenaria serão intercaladas com palestras sobre saúde, enfrentamento da violência, cuidados com o corpo e direitos das mulheres. Os cursos pretendem mudar a realidade de mulheres e jovens de quatro bairros com população de baixa renda.