O balanço de 15 anos da Conferência das Nações Unidas para o Meio Ambiente e o Desenvolvimento (Rio-92) revela poucos avanços em termos de transferência de tecnologia e investimentos em projetos de desenvolvimento limpo. A avaliação é da pesquisadora carioca Suzana Kahn, integrante do Painel Intergovernamental sobre Mudanças do Clima da ONU.
?Em termos de transferência de tecnologia, praticamente não há (avanço). O que há em termos de transferência de tecnologia acaba sendo por outras razões que não climáticas?, disse Khan.
Ela afirmou, entretanto, que não vê isso como um mau sinal. ?Quinze anos são uma escala de tempo relativamente grande para nós, mas para mudanças dessa ordem é pouco tempo. É natural que isso demore a acontecer, porque o nível de incerteza é muito grande acerca do fenômeno do efeito estufa, da relação do aquecimento global com as atividades humanas?, afirmou.
Tudo isso faz com que a negociação se torne mais difícil, analisou a pesquisadora. Ela avaliou, porém, que com a agilização das negociações a tendência é haver um fluxo maior de investimentos e de transferência tecnológica nessa área.
A seu ver, é positiva a inauguração do Mercado Brasileiro de Redução de Emissões de Gases do Efeito Estufa. Segundo Khan, a Bolsa de Chicago, nos Estados Unidos, já negocia uma série de papéis associados à redução de emissões. Trata-se de um mercado voluntário, que não está sob o âmbito da Convenção do Clima das Nações Unidas e que se apresenta mais ativo também por não ter a regulamentação e o ?engessamento? que o Protocolo de Kyoto dá em projetos de Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL), explicou. ?Esse mercado avança muito mais rapidamente?.
Suzana Khan diz que não se deve esperar a solução de todas as questões pendentes com a realização do encontro dos ministros do Meio Ambiente prevista para dezembro, na Indonésia. No evento, os ministros deverão definir metas de redução de emissão de gás carbônico para os próximos anos.
?Às vezes as pessoas criam uma expectativa muito grande e acabam se frustrando?, frisou. Na visão da pesquisadora do IPCC, haverá avanços se a reunião em Bali for encarada como um processo e não um fim.