As contribuições de 46 autores sobre os diversos assuntos referentes às mudanças climáticas integram o livro Mudança do Clima no Brasil: aspectos econômicos, sociais e regulatórios, lançado recentemente pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea).A publicação reúne contribuições de 46 autores em 23 capítulos que discutem, entre outras questões, os Mecanismos de Desenvolvimento Limpo (MDL) e os impactos das mudanças climáticas nas grandes cidades, na atividade agrícola e nas desigualdades sociais. São abordadas ainda a situação atual das negociações globais sobre o clima e a política de mudanças climáticas adotada pelo Brasil. ?Nós sentimos a necessidade de aproveitar o contato próximo que tivemos com especialistas e membros do governo durante as conferências sobre mudanças climáticas para produzir uma obra que fosse o retrato do momento atual, um momento importante em que o país deu uma guinada com a criação de seu marco regulatório sobre as mudanças no clima?, afirmou Ronaldo Seroa da Mota, técnico de planejamento e pesquisa do Ipea.Autor de um dos capítulos da publicação, o secretário de Políticas e Programas de Pesquisa e Desenvolvimento do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), Carlos Nobre, ressaltou a importância do trabalho para a retomada do debate sobre as mudanças climáticas.?Estamos passando, desde o fracasso de Copenhague (COP-15), pelo vale da morte. Têm sido tempos difíceis, há enormes incertezas, mas o Brasil precisa voltar-se para essas questões, temos sido líderes e somos um dos poucos que colocou em lei uma meta de redução de gases do efeito estufa?, destacou Nobre, um dos cientistas mais respeitados do país no assunto.A meta voluntária referida pelo secretário do MCTI é a de reduzir, até 2020, cerca de 39% das emissões de gases-estufa do país, levando-se em conta os níveis emitidos em 1990. Setor público precisa participar maisNa avaliação do Ipea, a iniciativa privada não terá poderio econômico suficiente para tratar sozinha das questões relacionadas às mudanças climáticas. “Já se observa uma corrida para a economia de baixo carbono. O setor privado se organiza porque percebe que, mais cedo ou mais tarde, sem acordo ou com acordo (entre governos), essa realidade será inevitável. Mas o mercado, por si só, não poderá lidar com os custos das mudanças climáticas”, alertou Seroa.Na opinião do técnico do Ipea, a disputa econômica entre Estados Unidos e China precisa ser resolvida. “Se o acordo de Kyoto não for renovado, com metas mais ambiciosas e vinculantes, na conferência de Durban [COP-17], em dezembro, teremos um grande retrocesso”, projetou.Para conhecer a publicação Mudança do Clima no Brasil: aspectos econômicos, sociais e regulatórios, clique aqui.