A Campanha Permanente Contra os Agrotóxicos e Pela Vida, resultado de iniciativas e articulações entre diversas organizações da sociedade civil, completou cinco anos em 7 de abril, Dia Mundial da Saúde.
Lançada em 2011, o objetivo da rede é explicitar as contradições e malefícios gerados pelo agronegócio, denunciando os impactos que os agrotóxicos causam na saúde humana e no meio ambiente. Atualmente, mais de 100 organizações compõem a campanha, entre elas a Associação Brasileira de Agroecologia (ABA), por meio do Grupo de Trabalho Agrotóxico e Transgênico.
Nivia Silva, do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), acredita que os agrotóxicos são o “calcanhar de Aquiles” do agronegócio, pois expressaria uma das principais contradições deste modelo. “Por um lado, não se consegue produzir monocultivos sem eles, mas seus efeitos na saúde e no meio ambiente são cada dia mais gritantes e difíceis de serem encobertos. Durante toda a sua cadeia, os agrotóxicos deixam um rastro de morte e doenças”, argumenta.
Hoje, ela avalia que o ambiente político, mesmo em meio à crise política, é favorável para luta contra os agrotóxicos. “Podemos usar como exemplo, o não lançamento do Pronara; a ameaça da PL3200 ou Lei dos Defensivos Agrícolas, que têm como objetivo substituir a atual Lei de Agrotóxicos (7802/1989), e altera completamente o sistema normativo de agrotóxicos no país”, afirma.
A campanha propõe como alternativa a agroecologia para a construção de outro modelo de agricultura. Irene Maria Cardoso, presidente da ABA e professora da Universidade Federal de Viçosa, afirma que é possível estabelecer um outro projeto sustentável para o campo brasileiro sem o uso de agrotóxicos.
Segundo a professora, vários estudos mostram que é possível produzir alimentos para sustentar o mundo utilizando os princípios da agroecologia. “Para tal, são necessárias políticas públicas que apoiem a agroecologia. Precisa-se tomar medidas sobre como empoderar as mulheres, construir uma assistência técnica e extensão rural horizontalizadas, com reconhecimento e valorização do conhecimento dos agricultores/as e comunidades tradicionais; realizar a reforma agrária, para que mais pessoas se engajem na produção de alimentos”, salienta Cardoso.
Fonte: Brasil de Fato