Oferecer educação em tempo integral em escolas de regiões violentas da cidade do Rio de Janeiro (RJ). Esse é o objetivo do projeto Escolas do Amanhã, que começou a funcionar, em meados de agosto, em 150 instituições de ensino do município.
Mais de 100 mil estudantes do Ensino Fundamental (1° ao 9° ano) são beneficiados pelo programa. Os alunos ficam na escola das 7h às 16h. Em um turno, têm as disciplinas curriculares. No contraturno, participam de oficinas como capoeira, judô, percussão, dança e outras. Os educadores das oficinas são da própria comunidade.
Lançado em janeiro pela Secretaria Municipal de Educação (SME), o projeto está baseado no conceito de Bairro Educador ? que foi adotado pela capital fluminense como política pública por meio de decreto.
Segundo a nova regulamentação, os diferentes setores da comunidade ? famílias, empresariado, organizações sociais, lideranças comunitárias ? podem desenvolver um olhar educativo e contribuir para o processo ensino-aprendizagem. Além da melhora do ensino, as parcerias podem propiciar o desenvolvimento local. O objetivo é transformar a comunidade em extensão do espaço escolar.
O projeto Escolas do Amanhã também estabelece parcerias entre as Secretarias de Educação, Saúde e Cultura. No caso da saúde, haverá profissionais nas escolas para realizar diagnóstico básico e orientar pais e alunos.
O primeiro laboratório para implantação do Bairro-Educador é a Cidade de Deus. A Escola Municipal Pedro Aleixo é uma das cinco escolas escolhidas como referências do modelo. Para ajudar nesta articulação e na formação dos educadores comunitários, foi firmada uma parceria com a Associação Cidade Escola Aprendiz, que trabalha com o conceito Bairro-Escola na Vila Madalena, bairro da cidade de São Paulo (SP).
?As taxas de abandono escolar são mais do que o dobro das demais regiões. Os índices de defasagem também são mais problemáticos nessas áreas. Há crianças que apresentam bloqueios cognitivos por causa da violência. Tudo isso justifica ter um olhar mais específico para essas realidades?, explica o assessor da SME e gestor do Escolas do Amanhã, Luiz Eduardo Conde.
Segundo Conde, a proposta está ancorada em dois pilares: educação em tempo integral, com a oferta de oficinas de arte, esportes e reforço escolar no contraturno, e ênfase no ensino de ciências, com laboratórios em cada sala de aula.
?Contratamos um método de ensino centrado na experimentação. Queremos despertar o interesse pela investigação. Gerar uma sementinha da curiosidade nos meninos. Esperamos que esse encantamento com as aulas de ciências migre para as outras áreas do conhecimento?, conta o assessor da SME.
Os professores da área de Ciências receberam capacitação no primeiro semestre. No entanto, segundo Conde, a Secretaria não conseguirá equipar todas as 1.555 salas de aula ao mesmo tempo. A implementação será feita de modo gradual.
Os docentes, coordenadores pedagógicos e diretores das Escolas do Amanhã participam desde maio de outras capacitações para aplicarem as mudanças propostas pela Secretaria. ?Todos os coordenadores pedagógicos foram capacitados na metodologia de ensino Uerê, voltada para desfazer bloqueios cognitivos gerados pela violência?, enfatiza Conde.
Uma nova figura dessa nova experiência educativa é a mãe comunitária. ?Mães da comunidade são convidadas a acompanhar o cotidiano das escolas. Elas ajudarão a controlar a frequência dos alunos. Essas mulheres conhecem as outras mães. Isso cria um vínculo maior entre comunidade e escola, também inibe atividades violentas?, explica Conde.Com informações do Portal Aprendiz (aprendiz.uol.com.br)