Em sua quarta edição, o seminário ?A mulher e a mídia? reuniu, no Rio de Janeiro, em 22 e 23 de setembro, mais de 200 representações de 25 estados brasileiros, muitas das quais participam dos debates desde o início desta iniciativa. O encontro foi realizado pelo Instituto Patrícia Galvão, com apoio da Secretaria Especial de Políticas para Mulheres (SPM) e do Fundo de Desenvolvimento das Nações Unidas para a Mulher (Unifem) e contou, em sua mesa de abertura, com a ministra Nilcéa Freire (SPM), Júnia Puglia, vice-diretora do escritório do Unifem, e com Jacira Melo, diretora do Patrícia Galvão.
No processo dos seminários, iniciado pela SPM em 2004 ? Ano da Mulher no Brasil ?, estiveram em debate diferentes dimensões da questão mulher e mídia, sempre com participantes e expositoras/es diversificados/as: representações e militantes do movimento e de organizações de mulheres e feministas, assim como de várias instâncias governamentais; pesquisadoras/es do tema; gestoras e gestores das áreas de educação, segurança pública, saúde, entre outras; profissionais de diferentes mídias.
A imagem ? e a invisibilidade ? da mulher na mídia, os conteúdos televisivos e os direitos das mulheres, mídia e mulheres no poder, TV pública, aspectos técnicos do sistema de televisão digital, concessão pública de rádios e TVs, a relevância de as mulheres serem protagonistas nestes e em outros processos de comunicação, e de exercerem um efetivo controle social sobre a mídia, foram alguns dos muitos aspectos que estiveram em discussão nas quatro mesas e nos debates.
Além disso, ?A mulher e a mídia? ganhou um ?toque especial? e leva uma responsabilidade adicional, segundo a ministra Nilcéa, tendo em conta que o tema Cultura, Comunicação e Mídia foi um dos novos eixos votados na II Conferência Nacional de Políticas para as Mulheres (II CNPM) ? para o qual a SPM propôs a constituição de um pequeno grupo de trabalho.
Direitos
Com olhar crítico, tanto expositoras quanto participantes mostraram como a mídia continua, entre outros, a reproduzir estereótipos e a não dar às mulheres a devida valorização. Ao analisar circunstâncias que envolvem os direitos das mulheres, Ivana Bentes, professora de Comunicação da Eco/UFRJ ? uma das expositoras da Mesa 1 (TV pública) ? criticou como nas novelas somente as vilãs e prostitutas exercem a sua sexualidade. Da mesma forma, os papéis transitam da mulher linda e atrevida à submissa, sem meio termo. ?Somos condenadas a determinados estereótipos. E a diversidade aparece no nicho de consumo, através de clichês?.
De outro lado, as mulheres que ocuparam e ocupam lugares de poder nunca ou raramente foram ou são motivos de pauta, apesar de sempre terem estado, ao longo da história, nessas esferas. ?É que o status quo nunca legitimou estes lugares?, advertiu Jurema Werneck, doutora em Comunicação e coordenadora da ONG Criola, uma das expositoras da Mesa 2 ? A Mídia Desqualifica as Mulheres no Poder?
Além disso, observou Jurema, a mídia serve a interesses hegemônicos, ou seja, econômicos, de raça, geopolítico e de gênero. Contudo, quando uma mulher no poder adere, de alguma forma, a este modelo, ela não é desvalorizada. “Mas quando há uma incompatibilidade entre esses interesses, quando a mulher representa a coletivação, a conquista do sujeito coletivo, quando está no lugar do movimento social, aí os interesses são divergentes”.
Saiba mais: www.patriciagalvao.org.brFonte: Informes Agong 400 (www2.abong.org.br/final/informes )