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Meio Ambiente, Clima e Vulnerabilidade

Sistema converte lixo orgânico doméstico em fertilizante


13 de outubro de 2010

Sobras de alimentos, folhas secas e papéis, que antes iam para a lixeira, podem ter outro destino: a Minhocasa – um sistema de compostagem doméstica em que minhocas convertem resíduos orgânicos em fertilizante natural. Desenvolvido pelo Instituto Coopera, uma ONG de Brasília, o sistema é resultado de uma experiência australiana adaptada e redimensionada para a realidade brasileira. A Minhocasa funciona num sistema fechado, composto por três caixas plásticas empilhadas. No compartimento do meio, uma colônia de minhocas de duas espécies – vermelha da Califórnia e gigante africana – se alimentam de sobras de alimentos, folhas secas e papel, convertendo-os em dois tipos de adubo: húmus e um biofertilizante líquido.”Hoje, o lixo seco já tem mercado, virou dinheiro. Há indústria para reciclar latinhas de alumínio e garrafas PET. Não se vê uma na rua. Mas o lixo orgânico, que, segundo estatística mundial, representa mais da metade de uma lixeira doméstica, é o grande vilão. Mal manejado, é o que mais polui. Gera gás metano e chorume, aquele líquido ácido que acaba no lençol freático e contamina os rios?, diz o administrador de empresas Cesar Cassab Danna, 35 anos, um dos fundadores do Instituto Coopera.Se na lixeira convencional o lixo cheira mal, no minhocário isto não ocorre. Não há fermentação porque a relação entre nitrogênio (lixo molhado) e carbono (matéria orgânica seca) é balanceada na proporção de um para dois, respectivamente. “Quanto maior for a diversidade dos restos alimentares, mais rico será o adubo. Quando há excesso de nitrogênio, o lixo fica muito úmido, entra no estágio anaeróbico e fermenta. O carbono tem a função de criar canais de ar no sistema “, explica Danna.Entre as vantagens da Minhocasa estão o fato de ser compacta; não gerar mau cheiro; não atrair ratos nem baratas; não demandar os cuidados requeridos por uma composteira tradicional e ser auto-regulável.”As minhocas se adaptam de acordo com o espaço físico e a quantidade de comida disponível. Podem ficar até três meses sem receber alimentos. Não morrem, só diminuem ou param a reprodução”, diz Danna.A médica Luciana Tutida, 34, está reciclando o lixo orgânico há três meses. Neste meio tempo, porém, já ficou uma semana sem alimentá-las. “O manejo é simples, tanto que às vezes eu esqueço de colocar lixo e não tem problema”, diz. E acrescenta: “É gratificante saber que posso ajudar a reciclar o lixo que eu produzo?.Solução doméstica A idéia de descartar o lixo orgânico da maneira convencional, colocando-o na rua para que seja recolhido pelo caminhão e descartado em lixões ou aterros, há muito tempo não agradava a antropóloga Nicole Roitberg, 31 anos, que trabalha com sustentabilidade ambiental. “Em sítio, é fácil fazer a composteira e resolver o problema, mas, por morar em apartamento, ainda não tinha resolvido a questão do meu lixo orgânico.”No início, Nicole diz que enfrentou resistência da mãe: “Ela não queria de jeito nenhum. Trouxe de surpresa e deixei um recado:?Dê boas-vindas para a nossa família! Ela não gostou muito, mas, com o tempo, percebeu a importância não só de reciclar o lixo orgânico mas de perceber que a natureza transforma tudo. Uma coisa vira alimento da outra. Ao fazer isso, estamos tentando mimetizar esses processos da natureza.”Praticante da permacultura – manejo sustentável dos recursos naturais a fim de causar o menor impacto ambiental possível -, Danna diz que o grande apelo da Minhocasa é a funcionalidade e praticidade do sistema, mas principalmente a possibilidade de “cada um fazer a diferença”.”Existem muitos paradigmas a serem quebrados em relação ao lixo. Na cabeça de muitos, é aquilo que fede e atrai doença. Mas o lixo é tudo isso sim se mal manejado. Do contrário, torna-se não um poluente, mas um grande nutriente. Se cada um cuida do seu, o benefício para o meio ambiente é muito grande, e o dispêndio financeiro para a coleta, bem menor.”

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