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Meio Ambiente, Clima e Vulnerabilidade

Soluções para construção de cidades sustentáveis


26 de setembro de 2013

O Planeta já conta com mais de 7 bilhões de pessoas e estimativas da ONU garantem que, em 2100, seremos mais de 10 bilhões. Hoje, mais da metade da população vive concentrada nos grandes centros urbanos, e quanto mais populosa a metrópole, mais intenso será seu crescimento demográfico. Diante disso, a construção de cidades sustentáveis é inegavelmente um dos maiores desafios da humanidade no século XXI.

Durante o evento “TEDx Jardins: City2.0”, promovido na sede da Editora Abril, em São Paulo, com o apoio do Planeta Sustentável, 12 palestrantes apresentaram suas ideias para construir cidades sustentáveis. Veja o que sugerem:

SÃO PAULO DAS PESSOAS INCRÍVEIS

“A cidade de São Paulo é um caos, não tem mais jeito.” Talvez essa seja a frase que a jornalista Fabíola Cidral mais ouviu nos últimos quatro anos, no comando do programa matinal de rádio CBN SP. No entanto, apaixonada por contar boas histórias, ela decidiu usar a profissão para mostrar aos ouvintes que a capital paulista tem, sim, solução. “A cidade é feita de pessoas e, se as pessoas se transformam, a cidade muda junto com elas. A mudança não é fácil, mas é possível e já tem muita gente fazendo”, garante a jornalista. Entre as histórias inspiradoras que já contou está a do paulistano Hélio Silva, que tinha o sonho de construir um parque na Penha, onde mora. “De muda em muda, em 10 anos ele construiu o primeiro parque linear de São Paulo, o Parque Tiquatira, com 17 mil árvores. Hélio é um plantador de vidas e a prova viva de que a mudança da cidade pode partir dos seus moradores”, disse Cidral. Ela ainda comanda o programa Caminhos Alternativos, também na rádio CBN, todos os sábados.

A MUDANÇA COLETIVA É A SUA MUDANÇA

A consultora em sustentabilidade Denise Chaer gosta de se definir como uma “fomentadora da real inovação social”. Depois de viver anos fora do Brasil – inclusive em comunidades espirituais da Índia -, ela decidiu voltar para trabalhar com educação humana e ajudar a construir um futuro melhor para o país onde tinha nascido. “Mas fui engolida pelo meu próprio discurso. Em nome da sustentabilidade comecei a trabalhar em grandes empresas e minha vida virou um caos”, contou Chaer. Hoje, mais “desacelerada” e à frente da plataforma Novos Urbanos, criada para debater soluções para as cidades, o conselho dela é: “Sejam a inovação social. Promovam individualmente as mudanças que querem ver no coletivo, sem discursos superficiais de desenvolvimento sustentável. Cidades vivas precisam de tecido vivo: as pessoas”.

EMPRESAS RESPONSÁVEIS

O sociólogo Ricardo Abramovay, autor do livro Muito Além da Economia Verde, aproveitou sua apresentação para trazer ao debate a responsabilidade das empresas na construção de cidades sustentáveis. “A rua hoje não é dos cidadãos, das crianças que querem brincar, porque a indústria automobilística e da construção civil tomou esse espaço. É preciso cobrar desses setores a responsabilidade que têm em reconstruir as cidades como local de convívio”, afirmou Abramovay. Segundo ele, não adianta a sociedade civil ou mesmo os governos fazerem esforço para recuperar as cidades, se as empresas jogam no lado oposto, oferecendo boas condições para comprar carros, por exemplo. “Atualmente, a produção de riqueza é dissociada da prosperidade. Precisamos trazer a ética para o debate econômico. Isso é condição básica para repensar a vida e, portanto, a cidade”, concluiu o sociólogo.

EMPODERAMENTO DAS PESSOAS

Cofundadora do projeto Meu Rio, criado para incluir os cidadãos nos processos de decisão do Rio de Janeiro, a jovem Alessandra Orofino aproveitou o espaço para contar um pouco das conquistas da iniciativa. Entre elas, o impedimento da demolição da Escola Municipal Friedenreich para a construção de um estacionamento para o Complexo Esportivo do Maracanã. “Com o projeto De Guarda, mobilizamos voluntários para vigiar a escola 24 horas e impedir que ela fosse destruída. Deu certo, mas quem solucionou o problema não foi nossa ação e sim todos os cidadãos que se mobilizaram desde o início. Apenas reunimos todos eles e, ao ver que não estavam sozinhos, sentiram-se empoderados”, contou Orofino. Para ela, despertar o sentimento de pertencimento é a solução para as cidades. “A partir do momento que entendo o público como meu vou querer melhorá-lo e preservá-lo”, opinou.

CIDADE DAS ÁGUAS

Com o sonho de nadar no rio Tietê, o engenheiro Guilherme Castagna chamou a atenção para um recurso que é muito judiado nas cidades: a água. “Dependemos de fontes cada vez mais distantes e somos incapazes de devolver água limpa”, criticou Castagna. O engenheiro fez sua parte para tentar reverter essa situação e lançou a iniciativa Livraria Tapioca. “A ideia é tirar o conhecimento da caixa preta e mostrar para as pessoas que, embora água e tratamento de esgoto sejam responsabilidade de empresas concessionárias, todos têm que fazer sua parte”, explicou Castagna. Entre as sugestões do engenheiro para as pessoas estão usar banheiro seco e transformar os dejetos em adubo, usar água da chuva para fins não potáveis e separar a água cinza produzida em casa para outros fins, como, por exemplo, regar plantas.

BASTA À CORRUPÇÃO

Depois de passar dificuldades financeiras na infância, o advogado Luciano Pereira dos Santos decidiu que queria trabalhar com algo que ajudasse a diminuir a desigualdade social do país. Foi então que se dedicou a combater a corrupção e acabou sendo um dos responsáveis pela aprovação da Lei Ficha Limpa, que contou com a assinatura de mais de 1,6 milhão de brasileiros. “Nas eleições de 2012, mais de mil candidatos foram impedidos de representar a população”, contou Santos, orgulhoso. A lição que ele tira de tudo isso? “Quando a sociedade se organiza e se mobiliza, ela consegue mudar a realidade. Ser cidadão e lutar por uma cidade melhor dá trabalho, mas temos que ser protagonistas dessa mudança”, afirmou.

TODOS FORA DO QUADRADO

Pessoas simples podem fazer coisas pequenas em lugares pouco importantes e conseguir mudanças extraordinárias. Essa foi a mensagem que o empreendedor Bruno Capão, do bairro paulistano Capão Redondo, quis passar aos ouvintes do TEDx. Ao atravessar a cidade para trabalhar, em Pinheiros, como gari, ele revolucionou a comunidade onde morava. “Via coisas no bairro que não existiam onde eu morava, como serviço de coleta seletiva, e me perguntava o porquê dessa situação. Inconformado, passei a levar ideias para os moradores do Capão, contaminei outras pessoas e promovemos mudanças no bairro”, conta orgulhoso. Hoje, Bruno é co-fundador do Ateliê Sustenta CaPão, um negócio social que incentivou a criação de uma rede de empreendedorismo no Capão Redondo, e recomenda que as pessoas ‘saiam do seu quadrado’. “Eu precisei sair do meu para ver tudo o que vi e promover mudança na realidade do meu bairro. O Capão Redondo era um local segregado na cidade e isso está mudando”, comemorou.

HORTAS QUE RECONECTAM

A relação de amor da jornalista Claudia Visoni com as hortas começou em 1999, quando ela se deparou com um alimento orgânico, produzido sem agrotóxicos, na prateleira do supermercado. “Fiquei encantada. A agricultura urbana sempre existiu, mas perdemos esse hábito depois da Segunda Guerra Mundial. A comida passou a ser cada vez mais industrializada e culminou nessa epidemia de obesidade que temos hoje”, lamentou Visoni. Disposta a colocar a mão na terra, ela criou uma horta em casa, cofundou o grupo Hortelões Urbanos para trocar informações com outros agricultores e acabou participando da criação de várias hortas comunitárias na cidade de São Paulo. “A sensação é ótima. Além de comida, colhemos relacionamentos com pessoas fantásticas e ainda recuperamos o espaço urbano”, afirmou a jornalista, que terminou sua apresentação fazendo um convite para que todos se reconectem com a terra. “Pode ser de qualquer forma. Qual foi a última vez que vocês colocaram o pé na terra?”, provocou.

CIDADES: OBRAS DE ARTE COLETIVAS

Um acampamento improvisado que vive a serviço dos carros. Foi assim que o arquiteto e urbanista Alexandre Delijaicov definiu a capital paulista em sua apresentação. “São Paulo é o retrato cru da desorganização das cidades”, criticou ele. A boa notícia é que toda essa bagunça urbana tem solução e a arquitetura pode ajudar bastante nesse processo. “Se tudo foi feito por nós, também podemos mudar tudo. A cidade é uma obra de arte coletiva, inconclusa, colaborativa e de licença aberta”, definiu ele, que garante que o primeiro passo para começar a mudá-la é fazer as pessoas enxergarem que ali é sua casa. “Precisamos do sentimento de pertencimento. Não faz sentido os cidadãos acharem que seu espaço termina quando fecham a porta de casa”, concluiu.

CRIATIVIDADE É A SAÍDA

Para a economista e urbanista Ana Carla Fonseca, as cidades do futuro serão aquelas que sabem transformar os problemas em solução. “Ou seja, aquelas que têm pessoas criativas”. E não adianta querer copiar ideias de sucesso. Depois de rodar o mundo conhecendo lugares, Cainha, como é chamada pelos amigos, concluiu que nada pode ser menos criativo – e ineficiente – do que querer importar soluções que deram certo em outros locais. “Temos que procurar as singularidades das nossas ruas, bairros e cidades e investir nelas. Às vezes, os olhares de quem vêm de fora ajudam a encontrar essas particularidades que passam despercebidas no dia a dia”, aconselhou Fonseca. De quebra, ela ainda deixou uma “receita” para as cidades criativas: inovação, conexões e cultura. “Mas isso não é uma camisa de força. É apenas uma diretriz”, avisou.

TODA AÇÃO TEM UMA REAÇÃO

Em sua profissão, o psicólogo e acupunturista Maurício Piragino está acostumado a agir para provocar reações nas pessoas e esse foi seu convite para os ouvintes do TEDx. “Quando espeto uma agulha em um paciente, busco equilíbrio. Quando falo, quero provocar um insight. O remédio para mudar as cidades é se mexer, colocar a mão na massa”, disse Piragino. Para os paulistanos, por exemplo, ele sugeriu a participação nos conselhos participativos das subprefeituras. “Há oito mil anos, o homem fez as cidades. Elas são nossa maior interferência no planeta. Portanto, cabe a nós reinventá-las”, afirmou.

MUDANÇAS QUE DEIXAM MARCAS

Como bom mestre em história, Marcelo Bressanin, superintendente da Praça Victor Civita, usou sua apresentação para comparar a cidade de São Paulo a um palimpsesto, espécie de pergaminho reutilizável, usado centenas de anos antes de Cristo. “As pessoas gravavam textos nesses pergaminhos e depois o raspavam para reutilizar, embora parte da tinta ficasse impregnada. São Paulo é assim: por conta da urbanização intensa, muitos elementos foram sobrepostos na cidade. Ela virou um palimpsesto, com qualidade literária cada vez mais inferior”, comparou Bressanin. Para ele, é preciso sim revitalizar o espaço público, mas sem esquecer de ler todas as camadas dos seus pergaminhos. “Precisamos promover a ressignificação das cidades, para não cometer os mesmos erros do passado”, finalizou.

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