O Estado do Rio Grande do Norte vai ganhar três novas minifábricas debeneficiamento e uma unidade central de classificação e comercialização de amêndoa de castanha de caju. Utilizando a tecnologia desenvolvida pela Embrapa Agroindústria Tropical, as minifábricas vão funcionar nos Municípios de Apodi, Caraúbas e Portalegre. A unidade central foi inaugurada, no dia 11 de março, em Serra do Mel.
Cada minifábrica tem capacidade para beneficiar 200 toneladas de castanha in natura por ano, o que corresponde a 40 toneladas de amêndoas, e pode abrir de 25 a 30 postos de trabalho, gerando uma renda média de R$ 520,00 por família. A unidade central tem capacidade de comercializar até 30 toneladas de amêndoas/mês.
A ação faz parte do projeto de implantação e revitalização de minifábricas de beneficiamento de castanha de caju na Região Nordeste, implementado pela Embrapa, Fundação Banco do Brasil (FBB), Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), Telemar, Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), Governo Federal, Governo do Estado do Rio Grande do Norte e prefeituras.
Segundo o chefe-geral da Embrapa Agroindústria Tropical, Lucas Antonio de Sousa Leite, a tecnologia e o processo, desenvolvidos pela Embrapa e parceiros, proporcionam alternativas de agregação de valor para os pequenos produtores. “Antes, eles exerciam o papel de fornecedores de castanha in natura para as grandes indústrias. Com a introdução das minifábricas, as pequenas comunidades podem beneficiar suas próprias castanhas e ainda adquirir matéria-prima de pomares vizinhos”, diz, acrescentando que tais tecnologia e processo fazem parte do Banco de Tecnologias Sociais da FundaçãoBanco do Brasil.
A adoção das minifábricas significa também a geração de mais empregos para as comunidades, “não só na etapa de plantio, mas também nas fases de tratos culturais, colheita, processamento da castanha e na comercialização dos produtos obtidos no seu processamento”, complementa Sousa Leite.
Outro diferencial importante é que os equipamentos de corte utilizados nas minifábricas, aliados ao processamento manual, proporcionam um percentual de 85% de castanhas inteiras, contra 55% alcançados no corte mecanizado da indústria tradicional. Para se ter uma idéia do que isso significa, as amêndoas inteiras valem o dobro das quebradas.
De acordo com o pesquisador da Embrapa Agroindústria Tropicalresponsável pelo desenvolvimento da tecnologia, Francisco Fábio de Assis Paiva, a unidade central vai operacionalizar a classificação ecomercialização das amêndoas produzidas pelas minifábricas. O objetivo é garantir a uniformidade da qualidade e a padronização de tipos para atender às normas nacionais e internacionais.
“Essa unidade vai receber, analisar, controlar e armazenar toda a produção, mantendo um registro rigoroso da quantidade e da qualidade do produto. Além disso, dará suporte técnico às minifábricas; responderá pela venda das amêndoas cruas ou torradas nos mercados interno e externo; e ficará responsável pelo planejamento do processo produtivo?, conta o pesquisador. Fábio Paiva ainda destaca que uma das grandes inovações do projeto é a forma de comercialização em rede, em torno de unidades centrais de seleção e classificação da amêndoa. “Todos os beneficiados são associados a uma cooperativa criada dentro do projeto, a Copacaju, que é responsável pela padronização da castanha para atender às normas internacionais de comercialização; individualmente as minifábricas não teriam volume de produção para atender ao mercado externo”, acrescenta o pesquisador.
As minifábricas também vão receber o acompanhamento sistemático de bolsistas do Sebrae e linhas de crédito do Banco do Brasil para a operação de custeio.