Do plantio e colheita da matéria-prima ao processo de fabricação. Tudo feito de maneira ambientalmente sustentável. Este é o conceito que envolve as chamadas roupas ecológicas, uma forte tendência em países desenvolvidos, e que começa a ganhar espaço no mercado brasileiro. A marca Justa Trama, da Cadeia Ecológica do Algodão Solidário, é um exemplo disso.
São homens e mulheres agricultores, coletores de sementes, fiadoras, tecedores e costureiras. Os empreendimentos destes trabalhadores cobrem todos os elos da indústria têxtil ? do plantio do algodão à roupa. Quem está na produção da roupa Justa Trama é também o proprietário da marca.
O processo produtivo da Justa Trama envolve estados de todo o Brasil, começando com o plantio do algodão em oito municípios do Ceará. Articulados pela Associação de Desenvolvimento Educacional e Cultural de Tauá (Adec), os agricultores atuam nas cidades de Canindé, Choró, Forquilha, Massapé, Quixadá, Santana do Acaraú, Sobral e Tauá, empregando técnicas de conservação do solo e da água, valorizando a biodiversidade, sem uso de agrotóxicos.
Enquanto isso, em sete estados da Amazônia, homens e mulheres reunidos na Cooperativa Açaí, sediada em Porto Velho (RO), coletam sementes que se tornam corantes naturais para as roupas da marca. E, em Nova Odessa (SP), trabalhadores da Cooperativa Nova Esperança (Cones) fazem fiação do algodão para, em seguida, trabalhadores da Textilcooper, de Santo André (SP), fabricarem tecidos. Por fim, em Itajaí (SC) e em Porto Alegre (RS) costureiras da Fio Nobre e da Cooperativa de Costureiras Unidas Venceremos (Univens) confeccionam peças à base de algodão agroecológico, que serão vendidas para o consumidor final.
Entre as peças produzidas pela Justa Trama estão calças masculinas e femininas em sarja leve; bermudas masculinas em sarja leve; túnicas masculinas de manga curta em sarja leve; jaquetas masculinas e femininas em sarja pesada; saias de diversos modelos em fio 30 e em sarja leve; vestidos em malha fio 30; calças corsário em sarja leve; batas femininas em sarja leve de manga curta ou longa etc.
São parceiros da Justa Trama a Central de Cooperativas e Empreendimentos Solidários (Unisol), o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), o Centro de Pesquisa e Assessoria (Esplar), a Fundação Banco do Brasil, o Fórum Brasileiro de Economia Solidária (FBES), a Secretaria Nacional da Economia Solidária do Ministério do Trabalho e Emprego (Senaes/MTE) e a Verso Cooperativa.
Algodão agroecológico
A produção e o cultivo de algodão agroecológico no Brasil começou em 1993, no Ceará. Em 2004, a empresa francesa Veja Fair Trade, que atua no comércio justo, começou a adquirir algodão cearense pagando preços cerca de 100% superiores aos praticados no mercado convencional, o que possibilitou a expansão da produção. Em 2005, foi a vez de a marca Justa Trama começar a comprar algodão agroecológico cearense. Em 2007, 235 agricultores colheram cerca de 42 toneladas de algodão agroecológico.