O turismo brasileiro teve um desempenho melhor do que o esperado para seis segmentos empresariais do setor, segundo indicam os números do sexto Boletim de Desempenho Econômico do Turismo (BDET), elaborado pela Fundação Getúlio Vargas (FGV) e divulgado pelo Ministério do Turismo e Embratur. “Os três primeiros meses deste ano confirmam o otimismo que os empresários haviam manifestado no início de janeiro. Mais que isso, eles continuam confiantes na expansão dos negócios neste ano”, afirma o ministro Walfrido dos Mares Guia.Os pesquisadores da FGV ouviram, no início de abril, representantes de 957 empresas em 24 estados e o Distrito Federal: agências de viagens; promotores de eventos; meios de hospedagem; operadoras; turismo receptivo (responsável pelos passeios); e restaurantes. Os empresários responderam perguntas sobre a evolução de seus negócios de janeiro a março e sobre as expectativas para o trimestre abril/junho.O BDET/FGV revela alguns destaques. Os brasileiros, por exemplo, procuraram mais as agências de viagens para turismo no próprio País. Ao contrário da expectativa de queda que haviam registrado anteriormente, os empresários do turismo de eventos disseram que em janeiro, fevereiro e março houve aumento nos negócios. Os hoteleiros também aumentaram a venda de quartos, pelo terceiro trimestre consecutivo. As operadoras tiveram demanda por pacotes internacionais acima do que haviam previsto. O turismo receptivo abriu o mercado de trabalho neste verão. E aumentou o gasto médio de clientes nos restaurantes.As empresas pesquisadas nesta sexta edição do BDET/FGV faturaram R$ 536 milhões no trimestre e estima-se que irão movimentar, em todo o ano, R$ 2,2 bilhões. Em abril, mês da pesquisa, somavam 30.436 postos de trabalho. A FGV utiliza nas suas análises o Saldo de Respostas, que é a diferença entre o total ponderado que indica aumento e o que assinala queda. A FGV considera que saldo acima de 10% positivos significa aumento da variável pesquisada. Saldo inferior a 10% negativos indica queda da variável pesquisada. E saldo entre 9% positivos e 9% negativos significa estabilidade. A pesquisa não registra números absolutos de movimentação nos setores. O objetivo é refletir o pensamento dos que representam o dia a dia do turismo brasileiro.Alguns dos resultados do Boletim de Desempenho Econômico do TurismoAgências de Viagens ? no primeiro trimestre de 2005, os brasileiros viajaram mais para fazer turismo dentro do próprio país, segundo 83% dos empresários pesquisados no setor de agências de viagens. Mas o aumento também foi verificado na procura por viagens internacionais, de acordo com 95% dos pesquisados. Os resultados nas vendas das agências superaram as expectativas que o setor tinha para o trimestre: para 97% houve expansão nas vendas e apenas 1% indicou queda. O cenário favorável de aumento da demanda e das vendas possibilitou a contratação de novos funcionários: 84% indicaram resultado positivo nessa variável. O que contrasta com o mesmo período de 2004, onde houve saldo negativo. Os empresários do setor estimam crescimento neste ano. Para 98% do mercado pesquisado, haverá crescimento em relação a 2004, da ordem de quase 18%.Promotores de Eventos ? o sexto Boletim de Desempenho Econômico não confirmou os prognósticos de queda que os empresários haviam feito para os três primeiros meses de 2005. Ao contrário, 43% disseram que houve aumento no número de eventos, contra 34% que registraram redução e 23% revelaram estabilidade nos negócios. E um número significativo ? 72%, prevê aumento para o trimestre abril/junho (no mesmo período do ano passado, essa indicação foi de 51%). Isso pode representar mais contratações no setor, para 15% dos pesquisados. Os promotores de eventos acreditam que, durante todo o ano de 2005, haverá um aumento médio de faturamento de pouco mais de 12%. Os eventos de caráter nacional lideram o segmento (40%), seguidos de eventos municipais/locais (22%), internacionais (15%) e regionais (9%).Meios de hospedagem ? pelo terceiro trimestre consecutivo houve aumento na venda de quartos, de acordo com 68% dos pesquisados. A diferença entre os que indicaram aumento e os que registraram redução foi de 49%, contra 25% no mesmo período de 2004 e 57% no trimestre anterior. No entanto, o setor de hotelaria prevê queda na venda no período de abril a junho, o que vai refletir no número de funcionários. Isso pode ser resultado da desmobilização de pessoal que acontece sempre após as férias de verão. Embora indicassem redução no segundo trimestre do ano, 51% do mercado pesquisado indicava expansão nos negócios, no início de abril. E a previsão do setor é de aumento global anual de 9,6% em relação a 2004: um total de 78% estima crescimento em 2005.Operadoras ? os empresários deste setor estão divididos sobre a evolução das vendas no período de abril a junho. Metade prevê crescimento e metade aponta redução. O que pode representar estabilidade no setor. De acordo com os pesquisados, de janeiro a março houve estabilidade na procura por pacotes domésticos, frustrando as expectativas. Por outro lado, a demanda por pacotes internacionais superou as previsões que haviam feito anteriormente. Os empresários acreditam que esse cenário vai se manter no segundo trimestre, mas 60% deles indicam crescimento anual da ordem de 8,1%. As viagens de lazer representaram 55% dos negócios das operadoras entre janeiro e março. As viagens por razões de trabalho representaram 32% e as de participação em congressos e feiras, 11%.Turismo Receptivo ? este segmento abriu o mercado de trabalho pelo terceiro trimestre consecutivo: 73% dos pesquisados aumentaram o número de funcionários entre janeiro e março e 60% indicam novas contratações para o período abril/junho. Um total de 53% dos pesquisados aponta crescimento no segundo trimestre deste ano, tanto na demanda para turista doméstico quanto para internacional.Eles estimam que neste período deverá haver queda nos preços e nos custos dos pacotes comercializados. A expansão do mercado em 2005 é garantida por 96% dos pesquisados, que estimam um índice médio de 23,4%.Restaurantes ? um percentual significativo do setor ? 74% – prevê crescimento anual. Mas eles apontam o menor índice de aumento dos seis segmentos pesquisados: 6% em média. Os donos de restaurantes não ampliaram o número de empregados neste verão de 2005, mas acreditam que, se confirmado o aquecimento dos negócios, poderá haver absorção de pessoal. Aumentou o gasto médio dos clientes nos restaurantes, segundo 39% dos empresários. E 57% indicam que haverá aumento dos custos, o que é registrado pelo sétimo trimestre sucessivo. No entanto, o faturamento no primeiro trimestre deste ano, comparado ao mesmo período de 2004, foi considerado melhor para 78% dos pesquisados. Segundo eles, dois fatores representam os maiores entraves à expansão desse segmento no turismo: escassez de clientes e falta de mão-de-obra qualificada.