Biodiversidade, espécies ameaçadas, desmatamento… Quem disse que estudar assuntos sérios não pode ser divertido? Na perspectiva de experenciar processos de ensino-aprendizagem na Amazônia surgiu a Escola da Biodiversidade Amazônica – a EBIO. Seu propósito é aliar educação e comunicação estimulando a troca de saberes e práticas pedagógicas de modo a desenvolver ações e estratégias que eduquem de forma dialógica sobre a diversidade amazônica.Contando com pesquisadores e estudantes da Universidade do Estado do Pará (UEPA), integrantes do Núcleo de Estudos em Educação Científica, Ambiental e Práticas Sociais (Necaps) e do Museu Paraense Emílio Goeldi, a EBIO iniciou em outubro sua Campanha de Adesão junto às escolas paraenses, com ações de educação ambiental que propõem aproveitar os recursos didáticos que a natureza generosamente oferta. A Escola Municipal Maria Flora Guimarães da Silva, localizada no Rio Taiassui, município de Benevides foi a primeira a aderir à EBIO. A comunidade ribeirinha fica cerca de 30 quilômetros do centro de Belém. Para chegar à escola, inserida em meio a uma linda floresta de beira de rio, os estudantes e visitantes usam ?rabetas? ? pequenos barcos movidos a motor. O trajeto demora cerca de 30 minutos, dependendo das condições da maré.A visita da EBIO/INCT Biodiversidade e Usos da Terra na Amazônia na Escola Maria Flora aconteceu em decorrência de um convite feito pela Secretária de Educação do município de Benevides, professora Elielza Silva Prata, que promove debates na escola relacionados ao meio ambiente. Além da professora Elielza, a equipe da EBIO foi recebida pela professora Arlete Cristina, responsável pela Escola Maria Flora. Na primeira atividade na escola de Benevides, a EBIO abordou a importância da conservação da biodiversidade. Os educadores instigaram as crianças a mostrar, descrever e conservar a biodiversidade no local em que vivem. Após as apresentações iniciais, alunos e educadores fizeram uma trilha ao redor da escola municipal, identificando elementos naturais e problemas ambientais.A Professora Cristina relembra que alguns anos atrás, os alunos bebiam água do rio sem tratamento adequado e viviam doentes. Para mudar essa situação, foram dadas instruções na escola de como tratar a água antes do consumo, o que segundo ela, reduziu casos de doenças.A troca de saberes entre os integrantes da EBIO e da Escola se deu num processo dialógico e participativo em que se observou a interação de todos. Para Gleyson Learte, estudante de Pedagogia na UEPA e integrante da EBIO, experiências como essa são muito importantes para firmar o conhecimento construído na universidade. ?Nós levamos e absorvemos conhecimentos durante vivências como essa. É uma forma produtiva de se passar o conhecimento e de aprender. Dentro do colégio, ficamos em teoria, mas a prática ela firma o conhecimento?, diz o universitário.”Nós somos biodiversidade”Para a equipe da Escola da Biodiversidade, a atividade realizada na Escola Maria Flora reforçou o compromisso com a educação ambiental e o fomento de novas práticas para o ensino da biodiversidade na Amazônia. ?Acho fundamental pensarmos em práticas alternativas de educação para atender as necessidades das pessoas que vivem aqui. E, a EBIO tem o objetivo de repensar a educação a partir da experiência, propor um modelo onde todas as disciplinas se relacionem com a biodiversidade. Trabalhar as questões ambientais e cidadania a partir do contexto que eles vivem. Educação pensada de dentro e não modelo de fora?, conclui Francisco Perpétuo, geógrafo formado pela Universidade Federal do Pará (UFPa) e membro da EBIO.