Pesquisadores da Faculdade de Educação (FE), da Universidade de Brasília (UnB), desenvolveram um software educativo que oferece dez jogos criados para crianças com necessidades especiais. Os personagens principais do programa são o menino Hércules e seu cachorrinho Jiló. É possível jogar no próprio computador ou imprimir os jogos.”Nossa idéia é mostrar que as crianças com necessidades especiais são capazes de aprender”, afirma a professora Amaralina Miranda, especialista na área, que, em 2005, conclui o doutorado sobre o assunto, na Universidade Nacional de Educação a Distância, em Madrid, Espanha. No programa, as imagens são alegres e coloridas para chamar a atenção e despertar o interesse pelo aprendizado. Segundo a psicóloga, o programa é recomendado para crianças com necessidades especiais, mas pode ser utilizado por qualquer uma sem maiores dificuldades. Pelo material, elas descobrem temas como Ciências Naturais, a partir de imagens animadas e palavras correspondentes, tudo sob a orientação da linha construtivista. O construtivismo parte do princípio de que a criança constrói o seu próprio conhecimento a partir das influências do meio e das situações de aprendizagem que vivencia.O diferencial é que o instrumento foi criado por pedagogos, entre eles o professor da FE, Gilberto Lacerda, em parceria com bolsistas do curso de Engenharia de Software, e não apenas por profissionais da Informática, o que é mais usual. Por isso, ele tem uma linguagem adequada e consegue interagir melhor com o público-alvo. Elogio de especialistas
O software já foi validado por cinqüenta professores da Secretaria de Educação do Distrito Federal, que deram sugestões e acompanharam a aplicação em duas turmas, formadas por 18 estudantes das escolas 410 Sul e Escola Normal de Brasília. A experiência demonstrou que o programa é um excelente material de apoio ao trabalho docente.Ao todo, seiscentas cópias do material financiado pelo Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE) serão distribuídas por todo o País. A repercussão do trabalho foi tamanha que no início de 2005 o software foi premiado pelo Programa de Apoio à Pesquisa em Educação a Distância (Paped), do Ministério da Educação. Os autores também foram convidados a escrever um livro especial sobre o tema. Pesquisadores da Espanha, França e Estados Unidos já manifestaram interesse em traduzir o programa para outros idiomas e existe demanda para sua utilização na Colômbia, Cuba, Espanha e Canadá, sem contar o sucesso entre capitais brasileiras. A atenção escolar para portadores de deficiência e formação de professores também atraiu a atenção do Legislativo e os pesquisadores comprometeram-se a apresentar o projeto aos parlamentares da Comissão de Educação da Câmara dos Deputados. Contato com a professora Amaralina Miranda e o professor Gilberto Lacerda pelo telefone (61) 307-2069.