O Fundo de Desenvolvimento das Nações Unidas para a Mulher (Unifem) divulgou, no dia 26 de novembro, um extenso relatório sobre a violência de gênero na América Latina e no Caribe, intitulado “Nem uma a mais. O direito de viver uma vida livre da violência na América Latina e no Caribe”.
Em 142 páginas, o documento traça um panorama sobre a continuidade do machismo cultural na região. O estudo destaca que as sociedades da América Latina e Caribe não conseguiram livrar-se dessa cultura arraigada nos tempos coloniais, além das “crenças e das práticas de amplos setores da sociedade, como a polícia, os serviços de saúde, o sistema judiciário e os meios de comunicação”.
Isso contrasta com a crescente consciência social a respeito da gravidade do assunto, avalia o relatório, que revela que 90% dos consultados, em 2006, pela Organização Latinobarómetro, órgão responsável pelo levantamento, consideram que “a violência dentro da família” é um problema grave.
Segundo o relatório, morrem mais mulheres nas mãos de seus companheiros do que na de estranhos. Os maus-tratos continuam sendo o principal problema de saúde pública e de direitos humanos. Além disso, constatou-se que 61% dos homicídios de mulheres na Costa Rica devem-se à violência de gênero; a cada nove dias morre uma mulher vítima de violência doméstica no Uruguai e, na Bolívia, 53% das mulheres que participaram de um estudo realizado em 2003 afirmaram ter sido maltratadas fisicamente em algum momento por seu companheiro.
O relatório também aponta que isso ocorre apesar de a maioria dos países da Região ter dotado suas legislações de instrumentos para combater este tipo de delitos após a Convenção assinada na cidade de Belém do Pará, em 1994, pelos membros da Organização dos Estados Americanos (OEA).
De cada dez brasileiras com mais de 15 anos, três já sofreram violência física extrema. É o que revela o relatório. No documento, constam informações da pesquisa realizada pela Fundação Perseu Abramo, em 2001, com 2.502 mulheres. O levantamento revela que uma em cada cinco entrevistadas declarou ter sido vítima de violência doméstica.
Fonte: SPMulheres (www.presidencia.gov.br/spmulheres)