Segundo o relatório ?Planeta vivo 2008?, divulgado no dia 28 de outubro, pelo WWF, nosso consumo dos recursos naturais – que são a base dos serviços ambientais – já excede em 30% a capacidade do planeta se regenerar. Se mantivermos o ritmo atual, somado ao crescimento populacional, em torno de 2030 precisaríamos de mais dois planetas para nos mantermos.O cálculo foi feito em torno da capacidade de o planeta recuperar esses recursos e também o potencial de absorção dos resíduos que deixamos, que vão do lixo à emissão de CO2 na atmosfera.?Essa é a chamada pegada ecológica, o registro da pressão humana sobre o planeta e seus recursos naturais?, explica Irineu Tamaio, coordenador do Programa de Educação para Sociedades Sustentáveis do WWF-Brasil.Publicado a cada dois anos desde 1998, o relatório mostra como estão os recursos naturais e o impacto exercido por atividades humanas. A sétima edição do estudo faz uma analogia entre a crise econômica mundial e os problemas ambientais, dividindo os países entre credores e devedores ecológicos, baseado na relação entre o seu consumo e seus recursos naturais. O Brasil aparece como um credor ecológico.?O estudo revela que somos um país credor, já que temos riquezas naturais muito grandes, que superam nossa pressão sobre o ambiente. Só que estamos enfrentando um processo de devastação igualmente grande?, revela Tamaio. ?Os Estados Unidos, que são considerados devedores, também têm extensos recursos naturais, mas seu consumo já excede suas riquezas?. Como alerta a secretária geral do WWF-Brasil, Denise Hamú, assim como a bolha financeira mundial gerou a crise atual, ?o consumo desenfreado dos recursos naturais pode gerar uma nova crise?.?A diferença é que, numa crise econômica, podemos recuperar os valores. Mas numa crise ecológica, como a que está sendo desenhada, não poderemos recuperar espécies extintas, por exemplo?, afirma o superintendente de Conservação de Programas Temáticos do WWF-Brasil, Carlos Alberto de Mattos Scaramuza.Redução da biodiversidadeSegundo o estudo, as populações mundiais de aves, peixes e mamíferos tiveram uma redução de quase 30% nos últimos 35 anos. Para chegar a esses valores, os responsáveis pelo relatório criaram o Índice Planeta Vivo, que analisa o estado dos ecossistemas da Terra.?Esses indicadores mostram uma tendência muito alta de perda de biodiversidade, principalmente nas áreas tropicais, como o Brasil? explica Tamaio.Entre os motivos apontados para essa perda de biodiversidade estão poluição, perda de habitat, sobrepesca e caça, espécies invasoras e mudanças climáticas. ?No caso do Brasil, a perda de habitat, com a conversão desordenada de terras para a agricultura, pode ser considerada um dos principais fatores de desequilíbrio?, alerta Tamaio.O relatório também apresenta soluções: ?Assim como a crise econômica está mostrando que o livre mercado não resolve tudo, precisamos de alguma regulação?, diz Scaramuza. ?Precisamos de um novo acordo, para reduzir nossas pegadas ecológicas, gerando um modelo de crescimento que leve em conta que o planeta tem limites?.Sobre a WWFA Rede WWF é uma das maiores e mais respeitadas redes ambientalistas independentes do mundo. Tem quase cinco milhões de associados e atua em mais de 100 países. Sua missão é deter a degradação do meio ambiente natural da Terra e construir um futuro onde os seres humanos possam viver em harmonia com a natureza, conservando a biodiversidade mundial e assegurando o uso sustentável dos recursos naturais, além de promover a redução da poluição e do desperdício do consumo.