29/01/2016 I Mesmo em meio a uma crise política e econômica, o Brasil já deu abrigo a mais de 2.000 refugiados sírios desde o começo da guerra no país. O número, divulgado pelo Comitê Nacional para os Refugiados (Conare), revela que a abertura brasileira é maior do que a dos Estados Unidos (1.243) e até da Grécia (1.275), uma das portas de entrada na Europa, vinculando no mundo a imagem de um país hospitaleiro, onde todos os estrangeiros e imigrantes são bem-vindos.
Segundo Maria Laura Canineu, diretora do escritório brasileiro da Human Rights Watch (HRW), o Brasil adotou uma ação positiva na questão dos refugiados. “O Brasil merece aplausos pela aceitação e pela abertura aos refugiados, principalmente sírios. Foram concedidos mais de 8 mil vistos humanitários. A questão agora é criar oportunidades de trabalho para eles”, disse.
No entanto, pesquisadores mostram que a população brasileira não é tão hospitaleira e que a noção histórica de país acolhedor “não passa de mito”.
Veja a seguir os principais pontos abordados pelo jornalista Gustavo Barreto de Campos e pela socióloga Heloísa Mazzoccante Ribeiro. Ambos realizaram pesquisas acadêmicas sobre o tema.
Gustavo Barreto é jornalista e defendeu, em 2015, tese de doutorado intitulada Dois Séculos de Imigração no Brasil: A Construção da Identidade e do Papel dos Estrangeiros pela Imprensa entre 1808 e 2015. Ele analisou a cobertura do tema em diversos jornais como O Globo, O Estado de S. Paulo, Folha da Manhã (hoje Folha de S. Paulo), Correio da Manhã, O País e Gazeta do Rio de Janeiro, ao longo de 207 anos.
Heloísa Mazzoccante Ribeiro é socióloga e defendeu, em 2007, dissertação de mestrado com o título “Política imigratória no Brasil contemporâneo: limites e desafios na relação entre direitos humanos, democracia e desenvolvimento”. Ela fez uma revisão das políticas de imigração no Brasil desde o final do século XIX e analisou a concessão de vistos sob o parâmetro do grau de escolaridade.
Racismo contra imigrantes no Brasil é constante
Após analisar mais de 11 mil edições de jornais e revistas entre 1808 e 2015, é possível dizer que a noção de que o Brasil é um país hospitaleiro, onde todos os estrangeiros e imigrantes são bem-vindos, não passa de um mito.
Por muitas décadas, o Brasil trouxe mão de obra, sempre com uma clara preferência por cristãos, brancos, europeus e trabalhadores. Até 1870 ocorrem pequenos experimentos isolados, com uma média de chegada de 2 mil a 3 mil imigrantes por ano, e a partir de 1870 começam as grandes levas de imigrantes, com mais de 10 mil por ano, o que ocorre até 1930.
Havia um consenso de que não se podia contar só com os portugueses para popular o país, e o governo implementou políticas de subsídios para estrangeiros. Do governo Vargas em diante, o país passa a selecionar muito mais quem entra, e, décadas depois, passa a prover mais imigrantes brasileiros para o mundo do que os receber.
Mais recentemente, nos últimos dez anos, o Brasil voltou a receber muitos imigrantes, sobretudo bolivianos, haitianos, angolanos, senegaleses, ganenses, portugueses e espanhóis, entre outros.
Duas coisas foram cruciais ao longo do tempo: as questões do trabalho e da raça. Em 1891, o governo decretou que amarelos e negros não poderiam entrar subsidiados pelo Estado. Se entrassem, o dono da embarcação poderia perder o alvará de funcionamento.
Além disso, na imprensa fica claro que os "bons" europeus eram os alemães e italianos, enquanto os provenientes das ilhas dos Açores e Canárias eram "ruins". Durante uma época as elites e formuladores de políticas públicas promoveram ideias eugenistas, segundo as quais uma raça era cientificamente superior à outra, estimulando um embranquecimento da população brasileira.
Racismo
O racismo era algo natural e aceitável no século 19, incluindo o destaque às ideias de supremacia de raças, entre 1870 até o governo Vargas. A partir da Segunda Guerra, os grupos começam a ser valorizados. Judeus, alemães e italianos no Brasil começam a recontar sua história, assim como os japoneses, depois de um momento muito difícil. Após as cartas de direitos humanos, os valores eugenistas já não são mais declarados, o que é um avanço.
Mais recentemente, o país passou a receber um número considerável de bolivianos e haitianos. Mas também chegam portugueses e espanhóis. A imprensa, no entanto, costuma destacar muito os problemas que os haitianos trazem, e rapidamente começa a ser construída uma visão de que eles são um problema. Enquanto isso, os imigrantes europeus recentes são valorizados por sua cultura e contribuição ao Brasil.
Contribuições culturais ou produtivas dos haitianos e bolivianos, que têm uma riqueza cultural enorme, dificilmente viram notícia. O racismo atual se dá pelo não dito, pelo que a imprensa omite. Quando aparecem na mídia estão atrelados a problemas, crises, marginalizações, ou ligados à ideia de uma invasão.
Hospitalidade
Na verdade entre os pesquisadores do assunto há a noção do "mito da hospitalidade". Há uma diferença entre a maneira como nos vendemos para o mundo e a verdadeira hospitalidade a qualquer estrangeiro ou a democracia racial.
O estudo de como a imigração é retratada no país entre 1808 e 2015 mostra que a hospitalidade é seletiva, mas que essa noção sempre foi difundida, em benefício do Brasil. Esta é uma das minhas principais conclusões na tese, a de que a nossa famosa hospitalidade é um mito.
A partir de 1870, você vê nos jornais a palavra "hospitaleiro" sendo usada para algumas situações, e ao lado os discursos racistas e eugenistas claramente em posição contrária contra outros grupos de imigrantes. O brasileiro também emigra para diversos países, e nossa presença tem aumentado lá fora, mas ainda recebemos um número muito baixo de refugiados, por exemplo. Contribuímos pouco neste sentido.
Fonte: Jefferson Puff, para BBC Brasil
Brasil, um país hospitaleiro para os imigrantes?
Ao contrário do discurso histórico, o Brasil não é um país tão hospitaleiro quanto parece, e nunca foi de receber estrangeiros de braços abertos. Ao menos em termos das autoridades. O imigrante só é bem aceito pelos governantes brasileiros quando tem condições de contribuir para o desenvolvimento do país, como em todo o mundo.
Cidadania X questões econômicas
Assim como em outros países, o direito à cidadania no Brasil está atrelado a questões econômicas. Há uma tendência da política imigratória brasileira em priorizar a entrada de mão de obra com maior nível de capacitação. E essa não é uma inclinação nova. De 1998 a 2006 foram concedidas 158.169 autorizações para pessoas estrangeiras permanecerem no país. Desse total, 110 mil tinham pelo menos o nível médio completo, e 64 mil dos quais eram diplomados.
Os indesejados
No Brasil, verificamos a transição de ações que no passado visavam atrair imigrantes para práticas de restrição à entrada de pessoas no território nacional, além da instituição dos critérios de seleção como mecanismos regulamentares. O “privilegiamento” de determinadas categorias de imigrantes encontra respaldo nas diretrizes políticas voltadas para o desenvolvimento/progresso, em um mundo que prima pelo conhecimento especializado. A categoria de “indesejados” é representada pela parcela de indivíduos que passa a viver à margem dos direitos (objetivos e subjetivos) no país.
Ilegalidade
Estima-se que o número de estrangeiros com vistos no país seja quase igual à quantidade de indivíduos em situação irregular. Segundo dados de dezembro de 2006 coletados pelo Sistema Nacional de Cadastramento e Registro de Estrangeiros (Sincre), existem 817.855 registros de imigrantes permanentes no Brasil. Já em 1996, existiam 980 mil em situação irregular no país, segundo a Polícia Federal (dado mais recente).
Grande parte desses estrangeiros ilegais é de latino-americanos em busca de emprego. Só em São Paulo, existem 240 mil deles, que vêm predominantemente de Bolívia, Paraguai, Colômbia e Chile. Há ainda a imigração ilegal de chineses com destino ao mercado informal do estado. Acredita-se que, mais recentemente, também os argentinos começam a fazer parte desse contingente. Esses imigrantes são jovens com idade entre 25 e 30 anos sem documentos. A maior parte deles se instala na capital paulista para trabalhar na indústria de confecções, que durante muitos anos utilizou a mão de obra dos coreanos.
Fonte: Oriundi
Pessoal boa tarde. Gente, este assunto é delicado, mas, se faz necessário discuti-lo, é bem verdade que devemos receber os imigrantes independente de raça, cor, sexo, situação financeira, se é analfabeto ou formado, se fala algum idioma ou não. É verdade que estamos vivendo uma crise mundial e no Brasil em especial, estamos vivendo uma crise politica, ética, moral, e financeira, mas nada disso impede que eu cidadão Brasileiro possa ser cortês com quem visita ou está em uma situação pior do que a minha. Penso que o Brasil é grande, tem espaços para todos, mas, o governo federal é que deve regular esta questão, elencando critérios, criando programas sociais capaz de abrigar, capacitar e encaminhar para o mercado de trabalho. O governo não pode criar projeto de manter o cidadão sem trabalhar, mas, criar projeto que o imigrante possa aprender e no futuro aprender uma profissão. O imigrante não vai absolver os empregos que de Brasileiros, mas deve se fazer um estudo e trabalhar esta questão pra não criar um embrolho gigantesco.
A hospitalidade é um mito assim como a democracia racial. O que somos hoje é consequência de um passado opressor. A cultura do ” quanto mais preto pior” e quanto mais “crespo o cabelo pior” continua. Ha um sentimento de rivalidade por parte de muitas pessoas brancas ou mestiças quando um movimento aborda questões de racismo no país. Como se as estivessem “ofendendo”. Conhecer a história do país é essencial para se ter noção de que acontece hoje é consequência. Há um conceito de que as coisas tem que permanecer do mesmo modo. As favelas hoje no Brasil é um exemplo de consequência de atitudes arbitrárias e racistas por parte do Estado. Somos um país desigual e racista onde selecionamos pela aparência quem é importante ou não. Negros escravos africanos tiveram uma importância enorme para o país porém só é divulgado uma de suas diversas religiões, a culinária e a dança. Ignorando por exemplo essa função civilizadora da sociedade brasileira, sendo precursores da mineração de ferro, demonstrando superioridade técnica e artística sobre os brancos e índios. Além do trabalho com metais, criação de gado e na indústria pastoril.
Bom dia a todos(as). Precisamos receber bem os imigrantes, o problema é que estamos em crise econômica também e tem muitas localidades brasileiras que ainda tem fome, miséria e pobreza. Os ”donos do mundo”(Rússia, China, EUA, Europa e Japão) não estão preocupados em resolver o problema das diásporas dos sírios, iraquianos, africanos e haitianos. A Rússia quer mostrar que ainda tem poder, e fica apoiando o Ditador Bashar Al Assad na Síria, bombardeando as tropas rebeldes contra este governo. E ainda relatam que também estão acabando com o Estado Islâmico neste e noutros países do Oriente Médio. A situação no Iraque é a mesma coisa, a Região do Curdistão é a mesma coisa e do Haiti, após o Terremoto, também. É preciso que a ONU chame esses países poderosos na regulagem para que seja feito algo para acabar com as ditaduras e com os problemas sociais dentro deles, para que a população viva em seu lugar e território, sem precisar de virar imigrante e sofrer em outros países. É preciso que limitemos a entrada de imigrantes em nosso país,devemos de fato é lutar para que a ONU chame os países poderosos na regulagem para que resolvam este problema. Infelizmente, há muito interesse Geopolítico e econômico nessas situações desses países em relação aos ”donos do mundo”.
Este e um assunto muito delicado de se fala, pois se o pais já estiver em crise a muito tempo, aonde já existe uma dificuldade de arranja emprego para os Brasileiros, onde e que vai encaixa esse emigrantes na sociedade e de que forma eles vão sobreviver.por outro lado o pais dever se organiza para esse tipo de assunto tem sempre que a ver um bairro só para os emigrantes tudo bem organizado e dessa forma a sociedade Brasileira viveria em harmônia com os estrangeiros.