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O desastre natural e suas consequências sociais Meio Ambiente, Clima e Vulnerabilidade (1) Comentário Deixe seu comentário

DESASTRE

06/11/2015 I Nos últimos dez anos, morreram no mundo 750 mil pessoas em desastres naturais. O total de desabrigados é de 144 milhões. Para o professor Héctor Alberto Alimonda, as autoridades tentam fazer das tragédias algo inevitável, e assim elas se repetem. Ele afirma que o impacto do desastre natural evidencia a desorganização social e defende a prevenção, mas alerta que, apesar de a organização comunitária ser uma componente fundamental para a prevenção de desastres, não é possível colocar sobre as costas de uma população, que já tem uma vida muito difícil, essa responsabilidade a mais.

Hector_AlimondaDestacamos a seguir os principais pontos de duas entrevistas concedidas por Héctor Alberto Alimonda, professor da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ) e pesquisador da Universidade de Buenos Aires (UBA) e do CNPq.

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A seguir, reproduzimos as respostas dadas pelo professor Héctor Alberto Alimonda a César Guerra Chevrand, da Agência Fiocruz de Notícias, dia 13 de outubro, e a Caio Barreto Briso, do jornal O Globo, dia 6 de novembro.

 

Mortes em decorrência de desastres naturais

Nos últimos dez anos, morreram no mundo 750 mil pessoas em desastres naturais. O total de desabrigados é 144 milhões. Quase um Brasil. Os dados foram a público numa reunião da ONU sobre gestão e prevenção de tragédias, em março, no Japão.

 

Desastre natural é sempre social

A natureza tem eventos catastróficos, mas o desastre natural é sempre social. As autoridades tentam fazer das tragédias algo inevitável, e assim elas se repetem. O impacto do desastre evidencia a desorganização social. Muitas pessoas morreram no estado do Rio vítimas de chuvas e deslizamentos de terra. Aprendemos algo?

Há uma corrente de estudo sobre desastres que está se desenvolvendo em todo o mundo, e também no Brasil, onde já existe uma produção acadêmica interessante na área. Mas tem de haver uma construção social da prevenção. Recorre-se sempre, no desespero, aos militares. O problema passa por aí: as tragédias são vistas como questão de defesa civil. Está errado. Defesa é reação a um ataque. O caso é de prevenção.

 

Desastres naturais marcam a história da América Latina

O território que veio a ser chamado de América se caracteriza por uma grande instabilidade geológica, com ocorrência frequente de terremotos. Temos regiões e períodos com grandes chuvas ou secas marcadas, que influem, por sua vez, no curso e volume dos rios. Do Equador para o norte, especialmente na região do Caribe, temos as temporadas de furacões. Em conjunto, me parece que América deve ser uma das áreas do planeta mais sujeitas a catástrofes naturais.

 

Depois da Conquista, foi formado o tecido urbano, com cidades que se instalaram onde convinha aos efeitos do controle territorial e a exploração de riquezas, sem levar em conta essas instabilidades geológicas e climáticas. Muitas cidades sofreram catástrofes e tiveram que ser abandonadas ou, melhor, mudadas de lugar.

 

Desigualdade social no continente afeta o meio ambiente

No jornal desses dias tem uma foto que expressa isso muito bem. Trata-se de uma catástrofe acontecida na Guatemala, um deslizamento de uma encosta que caiu sobre uma aldeia, causando uma estimativa de 600 desaparecidos. Bom, a foto mostra a catástrofe, uma aldeia soterrada no meio de encostas muito escarpadas. Só que no fundo da foto se avistam os prédios da capital, a cidade de Guatemala. Isto é, o núcleo habitacional soterrado forma parte da área metropolitana. É, sem dúvida, o lugar onde moram os pobres que não têm acesso a moradias na grande cidade, mesmo que sobrevivam em empregos precários que a vizinhança com a metrópole oferece. Não surpreende que se trate de uma área de risco, que provoca a vulnerabilidade da população.

Buenos Aires foi afetada em agosto passado por chuvas fortes, mas não excepcionais, que provocaram enchentes inesperadas, com danos desmedidos sobre população carenciada. Ao que parece, a expansão de bairros residenciais no conurbano (quando duas ou mais cidades se desenvolvem uma ao lado da outra, te tal forma que acabam se unindo como se fosse apenas uma) diminuiu a capacidade do solo para absorver a água da chuva.

O acontecido em New Orleans quando da passagem do furacão Katrina, em 2005, mostra que, lamentavelmente, esses problemas e falhas não são apenas atributos da América dita Latina.

 

Preparação para enfrentar uma situação de emergência

Não quero opinar sobre isso sem ser especialista, mas me parece que estamos sempre na mesma situação, que não se resolve apenas com a melhora do equipamento tecnológico. Orientei a tese de Francine Pinheiro sobre a "solução" para os desabrigados em Petrópolis pelas enxurradas, e o panorama é lamentável. E olha que foi um caso de impacto nacional, com a presidente sobrevoando a área de helicóptero, todos os níveis do poder público fazendo declarações, a população do Rio de Janeiro comovida e querendo colaborar. E em Niterói temos casos equivalentes.

 

Mobilização comunitária para resolução dos problemas ambientais

Bom, sem dúvida que a organização comunitária é uma componente fundamental para a prevenção de desastres, mas não é possível carregar sobre as costas de uma população que já tem uma vida muito difícil essa responsabilidade a mais. Aí tem uma responsabilidade social que deve ser assumida pelas diferentes instâncias e escalas dos poderes públicos, que depois de tudo estão aí para isso.

Fontes: Agência Fiocruz de Notícias e O Globo

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Comentários

Um comentário sobre “O desastre natural e suas consequências sociais”
  1. AILSON BARACHO DA CO says:
    09/03/2016 às 3:37 pm

    Pessoal boa tarde. Gente quando se trata de vulnerabilidade, a questão é educacional e social. A questão é educacional porque sou consciente do local onde moro, mas, como não estudei o suficiente ou o necessário não consegui me profissionalizar e com isso conseguir ganhar o necessário para adquirir uma moradia digna. É social porque o governo não desenvolve programas sociais de habitação que venha acabar de vez com esse problema. E aqueles que moram em áreas de risco, quando são remanejados para uma outra moradia, mesmo que seja distante, eles acabam retornando ao local de risco pela comodidade e pela falta de pespectiva no local novo, pois o governo não criou os mecanismo e as situações necessárias para radicar essas famílias no local. Muitos preferem se arriscar morando em condições insalubres e sub-humanas do que deixar a sua moradia por programas incertos do governo, na hora do desastre diz que vai fazer, e muitas vezes demora anos pela burocracia e as dificuldades criadas tentando encontrar fraudador, e quando vem funcionar o individuo já se alojou em outra área de risco. Também falta fiscalização dos governos o que favorecem esse tipo de moradia e a vulnerabilidade de um desastre.

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