Os autores apresentam os principais resultados de uma pesquisa que avaliou as mudanças ocorridas nas mulheres beneficiárias do Programa Bolsa Família. O levantamento foi realizado, de 2006 a 2011, em localidades tradicionalmente mais abandonadas pelo Estado, como interior do Piauí, o litoral de Alagoas, o Vale do Jequitinhonha, em Minas, o interior do Maranhão e a periferia de São Luís, onde, às vezes, as famílias não conseguem obter renda alguma ao longo de um mês inteiro e vivem de trocas. O mercado de trabalho é exíguo, há pouco acesso à educação e saúde, e os filhos costumam ser muitos. A estrutura é patriarcal e religiosa e a mulher está sempre sob o jugo do pai, do marido ou do padre/pastor. Os resultados indicam que o dinheiro do Bolsa Família trouxe poder de escolha a essas mulheres, que passaram a decidir desde a lista de compras até o pedido de divórcio.