R$ 1 bilhão e 150 milhões. Este foi o montante de investimento social privado investido pelas 101 empresas associadas ao Grupo de Institutos, Fundações e Empresas (GIFE) só no ano de 2007. O dado é do Censo GIFE 2007, que foi apresentado durante o 5º Congresso GIFE sobre Investimento Social Privado, que aconteceu entre os dias 2 e 4 de abril, na cidade de Salvador (BA).
Segundo o último censo realizado pela instituição, em 2005, o valor atingia R$ 1 bilhão. Na época eram 91 empresas. ?O crescimento foi apenas orgânico, não sofrendo grandes alterações. Mas tenho a impressão de que parte dos recursos que as empresas passavam para as organizações não-governamentais (ONGs) está indo agora para ações de responsabilidade social dentro da própria companhia?, explicou o secretário-geral do grupo Fernando Rossetti.
Essa impressão pode ser observada em uma das constatações da pesquisa: 79% dos associados atuam como executores dos projetos, enquanto 61% agem como financiadores.
Segundo o secretário, os dados ainda precisam ser lapidados, pois problemas de metodologia e a falta de pesquisas sobre o tema geram certa imprecisão. ?Esse número pode ir de R$ 50 milhões para cima ou para baixo?, explicou Rossetti, que lembrou que o investimento social privado brasileiro gira hoje em torno de R$ 4 bilhões.
Mesmo diante dos problemas de apuração, o levantamento traz aspectos importantes sobre o investimento social privado brasileiro. Cerca de 25% das empresas que investem não fazem nenhum acompanhamento dos projetos financiados. ?Isso não quer dizer que elas não avaliem, que é um processo caro. Isso quer dizer que elas ao menos checam o andamento do que estão financiando?, disse. O número de empresas que aferem os resultados dos projetos chega a 64% entre as fundações e 58% das empresas.
Segundo o levantamento, Educação é a área na qual as empresas mais atuam (83%), seguida pela Formação para o Trabalho (59%), Cultura e Artes (55%), Geração de Trabalho e Renda (53%) e Apoio à Gestão do Terceiro Setor (53%). A faixa etária mais atendida, de acordo com o estudo, é a de jovens.
?Esse cenário mostra que os investimentos sociais privados acompanham as grandes políticas nacionais?, constatou Rossetti, explicando que hoje as políticas públicas estão focadas em qualificar o jovem para o mercado do trabalho, trajetória também observada no investimento privado.
Os incentivos fiscais ainda são fortes instrumentos que levam as empresas a investirem socialmente. ?A Lei Rouanet é, de longe, a mais usada – cerca de 25% das empresas e fundações a utilizam para financiar projetos de terceiros -, pois as empresas já sabem como utilizá-la?, explicou. O Estatuto da Criança e do Adolescente e a Lei de Utilidade Pública são outros instrumentos bastante utilizados. Apesar dessas leis de incentivo, cerca de metade das empresas e fundações não utiliza esses meios para financiar ações sociais.
Segundo Rossetti, o empresariado brasileiro é um dos mais avançados mundialmente em relação ao investimento social, mas ainda é necessário diversificar a atuação, pois existem áreas sociais que precisam de cobertura.